O senador tucano nunca pareceu querer ser, de verdade, um político poderoso. Pouco antes da derrota nas eleições presidenciais de 2014, tratou com leveza a possibilidade de não ser alçado ao cargo: “Vamos fazer nossa caminhada. Ganhamos? Que bom para o Brasil. Perdermos? Vamos para Harvard, né?”.
Aécio perdeu e, pelo que foi noticiado, não viajou para a universidade norte-americana. Sorte de Harvard.
Começou sua trajetória política assessorando o avo, Tancredo Neves, durante seu périplo para a presidência, interrompido tragicamente. Nomearam-no (assim mesmo, sujeito oculto) diretor da Caixa Econômica Federal. Em 1986, foi eleito deputado federal e exerceu o cargo até 2002, quando elegeu-se governador de Minas Gerais. Após dois mandatos, sua aprovação no cargo era alta e foi facilmente eleito para uma das três vagas do estado no Senado Federal. Passou o mandato de senador, até agora, muito mais preocupado com a disputa interna no PSDB para a sucessão presidencial do que qualquer outra coisa.
Em sua campanha de 2014, recebeu doações de ao menos três empresas implicadíssimas pela Operação Lava Jato: as construtoras OAS e UTC e, é claro, a JBS. Claro que isso não é crime. Claro, também, que as relações corruptas entre empresários e políticos brasileiros se sustentam em doações legais e ilegais. As doações declaradas são (eram, certo?) uma maneira de sustentar o que Susan Stokes chamaria (em estudo sobre outro assunto) de “accountability perversa”. Eu, político corrupto, devo prestar contas a voce, empresário pilantra, porque temos uma relação formal consagrada nas contas de campanha. Você tem direito de me acessar e me pedir favores, mesmo que nem sempre eu possa te atender (alguns exemplos disso estão no depoimento de Cláudio Melo Filho, ex-Odebrecht).
Os donos da JBS tinham amplo acesso ao poder. Aécio era apenas um dos muitos contatos da empresa. Não deixa de ser irônico que o senador tucano tenha iniciado a carreira política na Caixa Econômica Federal. Pouco exposto pela Lava Jato até agora, esse banco foi usado por seu ex-vice-presidente, Fábio Cleto, para desviar recursos dos investimentos do FGTS. Eduardo Cunha seria o controlador disso e Joesley Batista, da JBS, um dos empresários que pagaria propina para Cunha liberar os recursos. Os pagamentos seriam feitos para o doleiro Lúcio Funaro.
Eduardo Cunha, Aécio Neves e Michel Temer estão igualmente – e para sempre – identificados como moleques da JBS e outras empresas. E assim morreu Aécio.
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