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Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre
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Justiça suspende palestras do escritor Carpinejar em escolas

Juiz citou ausência de licitação da prefeitura de São Leopoldo em sua decisão. Eventos com o poeta gaúcho fazem parte de projeto contra o bullying

Por Paula Sperb
Atualizado em 10 set 2017, 19h06 - Publicado em 8 set 2017, 18h44

As trinta palestras do escritor Fabrício Carpinejar, ao custo total de 80 mil reais, para combater o bullying nas escolas públicas de São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre, foram suspensas pela Justiça. O juiz Ivan Fernando de Medeiros Chaves entendeu que a prefeitura da cidade deveria ter feito uma licitação para contratar a atividade. O município e o escritor podem recorrer da decisão, que é em caráter liminar e suspende o pagamento das palestras. No Brasil, um em cada dez alunos de 15 anos é vítima de bullying.

Se o juiz entendeu que a concorrência para a contratação do programa era obrigatória, o argumento da professora municipal aposentada Márcia Vieira Coelho, autora da ação, foi financeiro. Ela ficou indignada por ter seu salário parcelado há meses pelo prefeito Ary Vanazzi (PT) enquanto o escritor receberia por hora praticamente o piso da categoria, que é de 2.298 reais por mês.

“Soou como uma ofensa. Ela se sentiu na obrigação de entrar na Justiça. As crianças da rede escolar estavam sem merenda porque o município não pagou os fornecedores, o atendimento de saúde foi reduzido, os salários estão atrasados. Quando se tornou público (o contrato), houve uma revolta da comunidade. Acharam uma escolha ruim em uma hora ruim”, disse a VEJA João Darzone, advogado da aposentada.

“Não se tem nenhuma discussão sobre o artista. Ele é extraordinário, de renome, respeitado pela obra literária. Mas se discute as escolhas que o administrador público faz em momento de crise financeira grave”, concluiu o advogado.

‘Educação pobre para pobres’

A atual secretária-adjunta de Educação do município, Mariléia Sell, argumenta que apesar das dificuldades orçamentárias, o valor do projeto é muito inferior se comparado a ações da gestão anterior, quando o prefeito era Aníbal Moacir (PSDB). Segundo a secretária-adjunta, o governo anterior gastou 1,6 milhão de reais em um projeto pedagógico terceirizado com jogos e livros para dezesseis escolas que resultou sem engajamento. “Ou seja, a terceirização da educação custa muito caro e não é efetiva”, escreveu Sell na sua página do Facebook.

A reportagem procurou a Secretaria de Educação para comentar a liminar, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. “O argumento torpe de que é preciso sangrar ainda mais a formação, a cultura e a arte é reafirmar o que Miguel Arroyo (doutor em Educação) dizia sobre a educação pobre pensada para os pobres. É reafirmar a dureza da vida, desprovida de arte e de sonhos!”, escreveu Sell.

‘Filhote de Cruz Credo’

Se atualmente o escritor gaúcho Fabrício Carpinejar, de 44 anos, faz graça da sua aparência, nem sempre foi assim. Quando criança, o poeta sofria bullying na escola por ser chamado de feio. Sua experiência é narrada no livro infantil Filhote de Cruz Credo, em que aborda o bullying escolar sofrido por ele. Por ter sido alvo de piadas, o escritor chegou a conduzir o projeto “Educar sem Discriminar”, em parceria com o governo estadual, entre 2013 e 2014. O autor palestrou em 30 cidades gaúchas, no litoral, interior e capital do Rio Grande do Sul.

O projeto de São Leopoldo, que chegou a ter uma palestra realizada em 8 de agosto para seis turmas do sexto ao nono ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Beck, seria parecido com o programa estadual anterior.

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“O primeiro passo é mobilizar a atenção dos alunos, para que eles pensem a respeito do bullying. Não falar diretamente, mas a partir de contação de histórias, com linguagem coloquial, engraçada, e que eles possam se sentir dentro dos exemplos de vida. O aluno se importa quando ele consegue se visualizar diante dos mesmos dilemas. A ideia é justamente desafiar os preconceitos, não usando o coitadismo e a vitimização, mas a confiança e a crença de que a palavra é a maior arte marcial que existe”, disse o escritor no dia da estreia da campanha, em São Leopoldo.

O poeta foi procurado por VEJA, mas não respondeu até o fechamento da reportagem.

 

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