Uma crise com três certezas
Um presidente, um ministro e um telefonema criminoso: é impossível não lembrar do episódio do "Bessias" entre Dilma e Lula
“Hoje o presidente me ligou. Ele tá com pressentimento novamente de que eles podem querer atingi-lo através de mim. (…) Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa…”, contou o ex-ministro Milton Ribeiro, por telefone, a sua filha.
Se alguém tinha dúvidas sobre o que significa, nesse caso, “pressentimento”, a mulher de Ribeiro tratou de desfazê-las. Disse ela, em outro telefonema: “No fundo ele não queria acreditar, mas ele tava sabendo. Pra ter rumores do alto, a coisa… é porque o negócio já tava certo”.
Tudo indica que o presidente teve acesso ilegal a informações sigilosas de uma investigação policial e as repassou a Ribeiro. Ou seja, os dois cometeram crime de obstrução de justiça.
A novidade aumenta enormemente a temperatura da crise, que já estava altíssima. Ninguém sabe ainda onde vai dar, mas três coisas são certas:
1) Há uma parcela da Polícia Federal que está determinada a resistir aos avanços de Jair Bolsonaro e agir de maneira independente. A investigação está longe de terminar.
2) A disposição para abrir uma CPI que investigue corrupção no Ministério da Educação aumentou.
3) As próximas semanas serão infernais para Jair Bolsonaro.