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Por que houve tanto desinteresse pelo indigenista e pelo jornalista?

O governo mostrou tanto desinteresse que parece até que havia muito interesse

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 jun 2022, 14h55 - Publicado em 9 jun 2022, 13h14

O indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips desaparecerem no Vale do Javari, na Amazônia, no domingo 5 de junho.

No sábado 4 de junho, os dois estavam no Lago do Jaburu entrevistando indígenas. Segundo membros da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava), três homens armados teriam ameaçado o grupo. No dia seguinte, os dois foram à comunidade São Rafael para falar com o líder comunitário “Churrasco” (não o encontraram e falaram com sua mulher) e seguiram para Atalaia do Norte. Nunca chegaram.

Equipes da Funai e da Polícia Militar efetuaram buscas no domingo e na segunda-feira, mas sem sucesso. Na terça, a Unijava e mais três instituições representativas dos povos indígenas publicaram nota exigindo apoio e rapidez dos órgãos federais de proteção e segurança, assim como das Forças Armadas, nas buscas. Segundo a nota, apenas seis policiais militares e uma equipe da Funai participaram das buscas na segunda-feira junto com a Unijava.

Na própria terça, Bolsonaro afirmou que o trabalho de Pereira e Phillips, que classificou como “aventura”, não é “recomendável”, pondo a culpa nas vítimas. E disse que “torce” para que os dois sejam encontrados “brevemente”, como se mero observador fosse. Concluiu declarando que as Forças Armadas estão “trabalhando com muito afinco”.

No mesmo dia, o Comando Militar da Amazônia, em conjunto com o Exército Brasileiro e o Ministério da Defesa, emitiu nota declarando “estar em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento” de “um indigenista e um jornalista inglês”, “contudo as ações serão iniciadas mediante acionamento por parte do Escalão Superior”.

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A nota chamou a atenção não só pelo tom frio e burocrático, mas por se referir a um “Escalão Superior”. Como o único escalão superior ao ministro da Defesa e ao comandante do Exército é o presidente da República (que é também o comandante supremo das Forças Armadas), ficou implícito que o Exército não se mexia porque Bolsonaro não queria. A reação da opinião pública foi violenta, e o Exército entrou em ação pouco depois.

Na quarta-feira 8, a PM prendeu Amarildo “Pelado” da Costa de Oliveira, cuja lancha teria sido vista perseguindo o barco de Pereira e Philips; outras quatro pessoas estariam com ele na lancha e estão sendo procuradas. Imediatamente após a prisão de Amarildo, apresentaram-se para defendê-lo dois advogados, Ronaldo Caldas e Davi Barbosa de Oliveira; o primeiro é procurador municipal de Atalaia do Norte, o segundo é procurador municipal de Benjamim Constant, cidade vizinha. Por essas coisas peculiares ao Brasil, não é proibido que procuradores públicos atuem como advogados particulares. A imprensa vem tentando falar com os prefeitos de Atalaia do Norte, Denis Paiva, e de Benjamin Constant, David Bemerguy, sem sucesso.

Seria falso dizer que o governo não está se mobilizando para encontrar Bruno e Phillips. Mas é preciso registrar que só começou a se mexer com dois dias de atraso, depois de fortemente pressionado pela opinião pública brasileira e internacional. Antes disso, foi só desinteresse. Tanto desinteresse, que dá a impressão de que tem outros interesses.

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