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O golpe acabou. Tudo vai bem?

Não. Muita coisa precisa ser melhorada — e rapidamente

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 11h30 - Publicado em 8 mar 2024, 06h00

Em 2022, quando já se sabia sobre Bolsonaro quase tudo de ruim que há para saber, o então presidente teve 51 milhões de votos e quase se reelegeu. No último dia 25 (depois do 8 de Janeiro!), Bolsonaro conseguiu reunir uma multidão na Avenida Paulista. Não adianta descartar os bolsonaristas como “fascistas” ou pontos fora da curva — eles são metade da curva. Há algo de muito errado em uma democracia quando metade da população quer botar no poder alguém que quer destruí-la.

“Democracia ou serve para todos ou não serve para nada”, ensinou Herbert de Souza. Nossa democracia não serve a todos. Era assim em junho de 2013, quando multidões insatisfeitas encheram as ruas, é assim hoje. As Forças Armadas são uma ameaça à democracia desde sempre, as redes sociais são uma ameaça nova — é urgente reformar as primeiras e regular as últimas. Mas isso está longe de ser o bastante.

No Congresso Nacional, os salários são altos; as verbas, enormes; os privilégios, muitos. Mas nossos parlamentares não debatem as grandes questões do momento e pouco fazem para tornar o país melhor ou mais justo; muitos deles apenas cuidam de se reeleger. Passado o susto da Lava-­Jato, a corrupção avança.

O Judiciário custa uma fortuna, tem alta taxa de corrupção e entrega uma Justiça que tarda e falha. O Supremo salvou a democracia, é verdade, mas, no resto, continua como antes: ativismo excessivo, decisões monocráticas autoritárias ou estapafúrdias que jamais chegam ao plenário. Quanto aos ministros, alguns dão entrevistas sem parar, tomam posições políticas, antecipam juízos; outros são empresários; vários têm parentes representando junto à Corte; muitos dão palestras que ninguém vê, recebendo ninguém sabe quanto. Na investigação dos golpistas, os métodos do Supremo e da Polícia Federal lembram os da Lava-Jato.

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“Metade do eleitorado não vê grande atrativo na democracia, e tem lá seus motivos”

Passada a devastação dos anos Bolsonaro, o Executivo melhorou muito, claro, mas está longe de ser bom. A educação, chave do desenvolvimento e da distribuição de renda, é abaixo da crítica. O SUS não se sustenta. A segurança é o que é. Lula não se interessa por nada disso, e seu plano de governo parece ser permanecer no palanque, dar declarações absurdas, comprar briga com todo mundo.

O Estado brasileiro cobra impostos de primeiro mundo, entrega serviços de terceiro, atrapalha quem quer empreender (algo obrigatório no século XXI) e é uma máquina de transferência de renda de pobre para rico — até o governo atual, que se diz de esquerda, cria subsídios para ricos e para a classe média.

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E, além da insatisfação “do bem” com a democracia, há a insatisfação “do mal”. As minorias ganharam espaço na sociedade e eliminaram-se muitos privilégios, mas quem os perdeu — em todas as classes — está ressentido contra a democracia. Não é problema simples de resolver.

A próxima eleição é daqui a dois anos. Metade do eleitorado não vê grande atrativo na democracia, e tem lá seus motivos. É preciso melhorar nossa democracia rápido.

Publicado em VEJA de 8 de março de 2024, edição nº 2883

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