Crises produzem novidades — e personagens — inesperadas. E interessantes.
Como o sujeito que é contra a quarentena, vocifera contra a quarentena, grava vídeo contra a quarentena, dá entrevista contra a quarentena — mas não sai de casa. A não ser para ir à carreata contra a quarentena… mas, aí, não sai do carro. É a favor do fim da quarentena para todo mundo, menos para si mesmo.
Tem o fundamentalista de mercado, ultrafiscalista, que defende um Estado mínimo, minúsculo, e acaba de descobrir, perplexo, que Keynes não era, afinal, de esquerda — nem muito menos burro. E está aí, pedindo pelo amor de Deus para o governo injetar dinheiro na economia.
E tem o cara que precisou da maior pandemia dos últimos 100 anos para descobrir que Jair Bolsonaro é uma pessoa insensata, perigosa e inepta para governar o Brasil.