Bolsonaro não entende o tamanho do problema
Os senadores já estão furiosos o suficiente, é melhor não irritá-los mais
Ernesto Araújo fez no Senado uma defesa desastrosa de seu trabalho no Ministério das Relações Exteriores: foi trucidado pelos senadores, que exigiram enfática e abertamente sua demissão. Na mesma sessão, o assessor presidencial Filipe Martins fez um gesto ostensivamente fascista em plena fala do presidente da Casa, enfurecendo todos os senadores e levando Rodrigo Pacheco a chamar, literalmente, a polícia (no caso, a Polícia Legislativa).
Na gaveta de Pacheco há um pedido de CPI com mais de 30 assinaturas, pronto para ser aprovado. A esta altura, é certo que já tem novas assinaturas. Se a CPI for instalada, e for feita a sério, de seu relatório constarão vários crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente da República. A pressão sobre o presidente da Câmara, Arthur Lira, para botar votar o impeachment — com o qual Lira havia ameaçado Bolsonaro no mesmo dia — se tornará praticamente irresistível.
Se entendesse alguma coisa do que está acontecendo, Bolsonaro teria demitido Araújo e Martins no mesmo dia.
Mas Bolsonaro não quer dar sinal de fraqueza para a militância, resiste, tenta manter os dois auxiliares, acha que vai dar um jeitinho.
Bolsonaro não está entendendo o tamanho do problema.