O Senado exige a cabeça de Ernesto Araújo, Jair Bolsonaro resiste.
É a maior crise do governo Bolsonaro até agora. Considerando-se que é um governo que encontra na crise seu modus operandi e sua razão de ser, não é pouca coisa.
Em condições normais, seria de se esperar que o presidente cedesse. Bolsonaro não é famoso pela coragem ou pela firmeza, e o Senado está pintado para a guerra. E o Senado tem o poder de instalar uma CPI da Saúde, capaz de levar até ao impeachment.
Mas as condições não são normais. Bolsonaro também não é famoso pela sensatez ou pelo tirocínio, e come na mão dos filhos, que também estão pintados para a guerra e querem resistir. Afinal, Araújo e Filipe Martins representam a essência do bolsonarismo: entregar suas cabeças equivale a capitular diante do “sistema”, trazendo enorme desgaste junto ao “núcleo duro” bolsonarista, com o qual o presidente conta para se reeleger.
Não é fácil adivinhar o que Bolsonaro, que é um homem volúvel e incontrolável, vai fazer.
Faça o que fizer, no entanto, Bolsonaro sairá mais fraco da crise.