Ao contrário de sua popularidade, os problemas de Bolsonaro não caem
O bolsonarismo está em pé de guerra. E Bolsonaro não está qualificado para aparar as arestas.
Jair Bolsonaro e Abraham Weintraub estão se estranhando. O candidato de Bolsonaro ao governo de São Paulo é o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, mas Weintraub, que não tem qualquer chance, insiste em lançar sua candidatura.
A escaramuça entre o presidente e seu ex-ministro está longe de ser a única existente dentro da extrema direita brasileira. O guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho criticou o presidente e se queixou de ter sido usado como garoto propaganda. Foi a senha para se espinafrarem mutuamente Allan dos Santos e Sérgio Camargo; os irmãos Weintraub e Janaína Paschoal; Carlos Bolsonaro e Carlos Jordy.
A brigalhada está ligada ao caso de amor entre Bolsonaro e o Centrão — não por pruridos éticos, naturalmente, mas pela perda de poder. A coisa está tão feia que já se falou até em lançar um anticandidato de extrema direita contra Bolsonaro.
Os problemas não se restringem aos radicais.
Os evangélicos, desde sempre incomodados com o descaso do presidente para com a saúde dos brasileiros, se irritaram ao ver que Bolsonaro não apenas não se abalou com as mortes na Bahia e em Minas Gerais, como ainda se dedicou a uma esbórnia com direito a jet-ski e dança funk com mulher de biquíni.
Os militares, especialmente os mais graduados, fazem o que podem para se dissociar do presidente. Noves fora a carta-bomba do presidente da Anvisa, almirante Barra Torres (que, ressalte-se, não é subordinado a Bolsonaro e é indemissível), o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, determinou que a tropa deve se vacinar — e não pediu autorização ao presidente da República nem lhe deu satisfação.
É um angu de caroço, cuja solução exige razoável dose de competência. Bons políticos, como Lula ou Fernando Henrique, tirariam de letra.
Mas Bolsonaro… bem, Bolsonaro é Bolsonaro.