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Um fantasma volta para assombrar o governo Bolsonaro

A hipótese de o Palácio do Planalto ter alguma ligação com a morte do miliciano Adriano da Nóbrega deveria ser absurda

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 abr 2022, 11h11 - Publicado em 7 abr 2022, 19h54

“Ele já sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele. Fizeram uma reunião com o nome do Adriano no Planalto. Ele já sabia disso. Foi um complô mesmo.”

A fala acima, conforme relata a Folha de S. Paulo, é de Daniela Magalhães da Nóbrega, e consta de uma gravação judicial obtida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em 2020. Daniela é irmã de Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-PM, miliciano e assassino, chefe da principal quadrilha de matadores de aluguel do Rio de Janeiro. Adriano foi morto pela PM da Bahia, em condições suspeitas (a especulação na época foi de que teria sido queima de arquivo), pouco antes de Daniela ser gravada.

Em 2004, quando estava na cadeia, Adriano recebeu a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria do estado do Rio, pelas mãos do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Quando, no ano seguinte, Adriano foi condenado a 19 anos de prisão, o então deputado federal Jair Bolsonaro o elogiou da tribuna da Câmara dos Deputados e defendeu a reversão de sua pena.

Adriano foi amigo e parceiro de Fabrício Queiroz, e, em 2003, os dois foram acusados de homicídio na mesma investigação. Queiroz, que declarou recentemente que Adriano é “o melhor policial que já conheci”, é amigo íntimo de Jair Bolsonaro há mais de 30 anos. Foi Queiroz que apresentou Adriano a Flávio no início dos anos 2000.

Queiroz é acusado de operador de um esquema de desvio de dinheiro público (a “rachadinha”) no gabinete de Flávio Bolsonaro. O próprio Adriano era suspeito de participar no esquema, já que sua mãe, Raimunda Magalhães, e sua ex-mulher, Danielle da Nóbrega (não confundir com a irmã Daniela), foram funcionárias no gabinete de Flavio até 2018.

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Procurados pela Folha, o Palácio do Planalto e os advogados de Daniela mantiveram-se em silêncio. Flávio Bolsonaro respondeu que “é óbvio que isso não aconteceu”. E Queiroz declarou que “Daniela se confundiu”.

Evidentemente, a gravação, em si, nada revela além de qual era a opinião, ou o palpite, de Daniela há dois anos. Não é prova de coisa nenhuma.

No entanto, em outros tempos, a sugestão de que o Palácio do Planalto pudesse ter qualquer tipo de envolvimento com um assassinato por encomenda seria imediatamente descartada por impensável e absurda.

Que tal sugestão possa ser levada a sério e tratada como possível — ou plausível! — por quem quer que seja é aterrador. E mostra o nível de surrealismo a que o Brasil chegou.

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