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Ricardo Rangel
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A PM matou de novo. Não matou por acaso.

Lula parece que acordou para o problema. É verdade ou só discurso?

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 ago 2023, 19h10 - Publicado em 14 ago 2023, 19h03
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  • Na última sexta-feira, a Polícia Militar do Rio de Janeiro matou mais dois jovens, Wendell Eduardo, de 17 anos, que morreu na garupa de uma moto, e Eloáh Passos, de 5 anos, que morreu dentro de casa.

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    Na véspera, com o dedo em riste e olhando Claudio Castro nos olhos, Lula chamou o governador à atenção: “A polícia tem que saber diferenciar o que é um bandido e o que é um pobre andando na rua”.

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    A crítica foi pesada, mas merecida. No início da semana, a PM de Castro havia matado o menino Thiago Flausino, de 13 anos. E no início do mês, em uma operação que o governador classificou de “bem sucedida”, a mesma polícia, sem câmaras nas fardas, matara 10 no bairro da Penha.

    Castro não era o único a merecer a bronca. Enquanto a PM do Rio matava na Penha, a PM de São Paulo matava no Guarujá. O governador Tarcísio de Freitas afirmou estar “extremamente satisfeito com a ação” e que “a polícia é extremamente profissional e sabe usar a força quando necessário” (dois disparates numa só frase). Tarcísio escapou da bronca porque não compareceu ao evento.

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    Jerônimo Rodrigues, governador da Bahia, estava presente e merecia a bronca, mas também escapou: sua PM matou 10 em fevereiro, mas Lula desviou o olhar porque ele é do PT. Jerônimo, governador há menos de 8 meses, não é o principal responsável por a PM baiana se ter tornado a que mais mata no país. A “honra” cabe a seu antecessor, governador da Bahia por oito anos, o petista Rui Costa, atual ministro da Casa Civil.

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    A descompostura que Lula passou em Castro — e que Tarcísio, Jerônimo e Rui também mereciam — não serviu de muita coisa: no dia seguinte, a PM de Castro, a mais assassina da história do estado, matou de novo, tirando as vidas de Wendell e de Eloáh.

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    Lula quis se mostrar parceiro para os governadores: “o presidente quer ter responsabilidade junto com você”, disse a Castro. É uma boa novidade. Quando Fernando Henrique encerrou seu mandato, declarou que a segurança seria “o plano Real” do governo seguinte. O PT não fez caso: Lula e Dilma passaram 15 anos dizendo que a segurança era problema dos governadores (um disparate de muitas maneiras). A esquerda sempre tratou segurança como pauta da direita, e a direita, especialmente a mais tosca e atrasada, acha que violência policial aumenta segurança (outro disparate).

    O Brasil é dos países que mais matam no mundo. Não mata assim por acaso. Mata porque uma enorme parcela das elites política e socioeconômica fica “extremamente satisfeita” com operações que matam a esmo, as quais considera “bem-sucedidas”. Parece crer que 1) matar bandido pode, e 2) preto pobre é sempre bandido: parafraseando Nelson Rodrigues, o policial pode não saber porque está matando, o preto pobre sabe porque está morrendo.

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    A polícia não pode matar ninguém, nem bandido nem inocente: o Brasil não tem pena de morte nem o poder de julgar pertence à polícia, de resto despreparada nesse e em qualquer outro aspecto.

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    FHC tinha razão e estamos mais de 20 anos atrasados. É uma boa notícia que o presidente da República pareça enfim ter acordado para o fato de que melhorar a segurança é obrigação sua.

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    O governo Temer elaborou um Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), já passou da hora de pô-lo em prática para valer. E também é perfeitamente possível amarrar verbas de investimento e outros incentivos a metas de redução da violência.

    Não adianta fazer discursinho bonito no palanque e depois tocar a vida como antes. Segurança precisa ser nossa maior prioridade. Ou reduzimos a violência ou ela acaba conosco.

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