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Ricardo Rangel

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A colheita que virá das “sementes” de Bolsonaro

A proximidade com Bolsonaro cria uma crise de identidade para a direita convencional e traz desafios não só para ela, mas para todo o espectro político

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 11h50 - Publicado em 30 abr 2024, 15h32

“Se eu não voltar um dia, fiquem tranquilos, plantamos sementes ao longo desses nossos quatro anos, que descobriram também que têm capacidade de levar avante este grande país chamado Brasil”.

A declaração, enunciada em bolsonarês castiço, foi dada por Jair Bolsonaro no Agrishow, uma das principais feiras agrícolas do país, e se referia aos políticos que apoiam o ex-presidente, como os governadores Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado, que estavam a seu lado.

“Semente” não é a palavra correta. O que Bolsonaro deixou para boa parcela da direita que o apoia é uma herança maldita. Com a promessa de uma colheita maldita.

Pessoas como Caiado, Ratinho Jr, Tereza Cristina ou mesmo Tarcísio não são bolsonaristas óbvios. Os três primeiros são políticos conservadores tradicionais, que jogam dentro das regras democráticas desde muito antes de o fenômeno Bolsonaro surgir. Tarcísio é um tecnocrata ideologicamente insípido que viu uma oportunidade e a aproveitou.­­­ Não é justo nem razoável supor que qualquer deles queira acabar com a democracia.

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Mesmo assim, estão todos inextrincavelmente presos a Jair Bolsonaro. Simplesmente porque não há alternativa — ou, por outra, a alternativa é o ocaso, o limbo, o ostracismo. Sem Bolsonaro, não há votos, nem futuro político, para nenhum deles. Assim como nenhum político da direita americana sobrevive longe de Trump, nenhum político da direita brasileira sobrevive longe de Bolsonaro.

O Brasil precisa de uma direita moderna e democrática, que traga propostas, mas o aprisionamento pelo bolsonarismo a impede de ser moderna ou democrática. Isso gera uma crise de identidade que inviabiliza a direita como força que possa contribuir para o debate público.

Além disso, a identificação com o bolsonarismo, se não impede, dificulta um entendimento mínimo com forças de centro e esquerda, necessário para que o Brasil supere a polarização e o impasse.

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Há um desafio aí, tanto para bolsonaristas-à-força, como Caiado etc., que precisam estabelecer um mínimo de independência em relação ao líder que os puxa para o abismo, quanto para o centro e a esquerda democráticos, que precisam ser menos intolerantes e aceitar conversar e buscar acordos mesmo com quem ainda sobe no palanque de Bolsonaro.

Não é simples nem fácil. Mas é imprescindível. Até porque, sem essa aproximação, a colheita será também maldita. Para todos.

(Por Ricardo Rangel em 30/04/2024)

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