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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Você protesta contra Lula? Então “eles” o chamam de bicha, burguês e golpista. E ainda pedem a sua cabeça

Lancei num artigo na VEJA a expressão “Al Qaeda eletrônica” para designar a rede petralha terrorista organizada para desmoralizar pessoas. Que tipo de terrorismo é este? O das bombas morais, aquelas que buscam destruir reputações. A exemplo da rede Osama Bin Laden, nesta também o comprometimento com o terror varia, se dá em graus diversos. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h15 - Publicado em 16 ago 2007, 15h40

Lancei num artigo na VEJA a expressão “Al Qaeda eletrônica” para designar a rede petralha terrorista organizada para desmoralizar pessoas. Que tipo de terrorismo é este? O das bombas morais, aquelas que buscam destruir reputações.

A exemplo da rede Osama Bin Laden, nesta também o comprometimento com o terror varia, se dá em graus diversos. Vai desde o vagabundo que põe o traseiro na cadeira para lançar uma falsa história na Internet ao articulista de jornal que associa um protesto a um golpe de estado, passando pela jornalista capaz de perguntar a um grupo de jovens que protesta usando camisa preta se aquilo é alusão ao fascismo.

Jamais a máquina oficial de desqualificar pessoas foi tão intensa e violenta. Culmina com a decisão ridícula de um bispo, dom Odilo Scherer, que decidiu proibir, ainda que de forma velada e hipócrita, que a manifestação se desse dentro da Catedral da Sé — a mesma catedral que já abrigou um missa do PCC.

Parte da imprensa que está satanizando o Movimento Cansei se comporta como o jornalismo de Ilusões Perdidas, de Balzac. São os verdadeiros espadachins da reputação alheia. Saiba, leitor: sempre que um jornalista se referir de forma jocosa, sarcástica ou agressiva a um movimento de protesto contra Lula, acusando a origem social burguesa do manifestante, o vagabundo está cumprindo uma tarefa do partido, está fazendo a lição de casa, está se comportando como agente, está fazendo o seu trabalho de esbirro da ditadura petralha.

Abaixo, segue a inacreditável entrevista de Paulo Zottolo a Maria Cristina Fernandes e Claudia Facchini, no Valor Econômico de hoje. Só mesmo lendo para acreditar:
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“Experimenta colocar ‘Paulo Zottolo’ mais ‘cansei’ no Google. Nunca fui tão xingado na minha vida. As pessoas ofendem muito facilmente sem a menor base. Saem chutando. Tem sites que dizem que sou homossexual, outros que a Philips está querendo fazer como a ATT na derrubada do Allende, no Chile”. Desde que publicou o anúncio de meia página em cinco jornais do país, ao custo de R$ 70 mil para a empresa, o presidente da Philips para a América Latina, Paulo Zottolo, caiu na boca do povo.

“Já disseram que estou sendo mandado embora e que o presidente da República exigiu ao embaixador da Holanda minha cabeça”. É rápido ao ser indagado se houve pressão. “Promoção”, responde, sacando prontamente uma carta do integrante do conselho de administração da matriz, responsável pelas subsidiárias, Gottfried H. Dutiné, datada de 14 de agosto. Nela, a multinacional adiciona ao seu cargo o título de vice-presidente executivo da Royal Philips Electronics. A promoção não muda suas atribuições na empresa.

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Antes da carta, a área de comunicação corporativa da multinacional, na Holanda, havia soltado o seguinte comunicado oficial: “A Royal Philips Electronics informa que suas subsidiárias têm autonomia para gerenciar e responder por eventos locais”.

De capital fechado no Brasil, a empresa tem ações negociadas em bolsa na Holanda. Zottolo não vê conflito no interesse público da empresa com suas convicções privadas. Ele estará amanhã no ato que o movimento convocou para a praça da Sé, centro da cidade. Mas diz que, se o movimento for partidarizado – e ele acredita que acabará sendo – vai tirar a Philips da jogada, apesar de manter seu apoio pessoal à causa.

A Philips guarda uma extensa pauta de interesses a ser tratada com o governo federal. No dia seguinte ao acidente da TAM, o executivo tinha uma audiência marcada com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Na véspera, acamada por uma gripe forte, Dilma mandou cancelar a agenda do dia seguinte. “Tinha ficado para o dia 14 ou 15 (de agosto), mas não recebi mais notícias”. Na audiência, Zottolo pretendia discutir com a ministra três pontos.

O primeiro item da agenda seria a instalação de uma nova fábrica da empresa no país para a produzir lâmpadas fluorescentes num amplo programa nacional de substituição das unidades incandescentes – um projeto que, avalia, poderia trazer uma economia de 30% no consumo de energia no país e evitar o anunciado apagão no setor.

O segundo era a fabricação do conversor para a captação do sinal digital de televisão: “O governo diz que vai custar R$ 150, mas, na verdade, não vai sair por menos de R$ 800 a R$ 1 mil”.

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O terceiro ponto da audiência com a ministra era a fabricação de um fogareiro que não emite fumaça e foi desenvolvido pela Philips na Índia para ser usado por famílias carentes que ainda cozinham com fogão a lenha. Ele levanta-se e tira da caixa o produto: “Era para mostrar à ministra. Agora ela não quer mais”.

O produto seria mais uma demonstração do engajamento social da empresa: “Seria vendido por uns quatro ou cinco dólares. Não queríamos fazer isso para ganhar dinheiro”.

Zottolo reconhece que a recusa do governo brasileiro em adotar o padrão europeu de TV digital desgastou a relação com a Philips – “Mas isso é uma página virada”. O engajamento da empresa no ‘Cansei’ iniciou um novo capítulo da relação da Philips com o governo. Ao movimento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu com o não-há-quem-ponha-mais gente-na-rua-do-que-eu.

Zottolo nunca votou em Lula – do PT, apenas o senador Eduardo Suplicy já mereceu seu voto – mas divide com o presidente as mesmas metáforas. Para dizer que o momento político exige que oposição e governo se unam em torno de objetivos comuns, apela ao casamento – “Se você quebra o pau com seu marido por pontos de vista completamente diferentes sobre um assunto, ou porque você gosta de sushi e ele de comida italiana, ou você gosta de novela e ele de filme de terror, vocês não vão se separar. Por quê? Porque existe o amor. E o nosso amor tem que ser o Brasil”.

Compara a adesão ao ‘Cansei’ a outros movimentos civis nos quais a Philips já se engajou, como o voto consciente e os programas que buscam atrair o setor privado a investir na educação pública. Mas reconhece que o momento em que o ‘Cansei’ foi lançado – quando Lula era tido como o culpado número 1 do acidente da TAM – facilitou a apropriação política do movimento. “Qualquer ação para ter impacto parte do coração. Você pede alguém em casamento no auge da paixão. Não tinha como lançar um movimento desses no dia seguinte à conquista do pentacampeonato da Copa do Mundo pelo Brasil”.

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