VEJA 4 – Waugh e Orwell: afinidades libertárias
[Evelyn ] Waugh e [George] Orwell encontraram-se uma única vez, no fim de 1949, quando o escritor da trilogia A Espada de Honra visitou a clínica onde, terminalmente tuberculoso, estava internado o criador de A Revolução dos Bichos. No entanto, Lebedoff nos afiança que o verdadeiro contato deles foi mais prolongado e íntimo, envolvendo seu […]
[Evelyn ] Waugh e [George] Orwell encontraram-se uma única vez, no fim de 1949, quando o escritor da trilogia A Espada de Honra visitou a clínica onde, terminalmente tuberculoso, estava internado o criador de A Revolução dos Bichos. No entanto, Lebedoff nos afiança que o verdadeiro contato deles foi mais prolongado e íntimo, envolvendo seu amor mútuo e correspondido pela língua inglesa. Sua consciência compartilhada de que há uma correlação altíssima entre como se escreve e o que se pensa, aliada à certeza de que todo limite imposto à expressão acorrenta o pensamento, é que os levou, mais do que a escrever bem e claro, a zelar pela saúde da língua, insurgindo-se contra pretensos legisladores dispostos a prescrever ou proscrever palavras e frases. Meio século antes de a correção política ser batizada, ambos não apenas sabiam quão indispensável era a liberdade de expressão como teriam subscrito o slogan de 1968 que, nesse âmbito, encapsula à perfeição sua essência: é proibido proibir.
O trecho acima é da resenha que Nelson Ascher escreve na VEJA desta semana sobre o livro The Same Man (A Mesma Pessoa), do americano David Lebedoff, sobre os escritores Evelyn Waugh e George Orwell.