USP: basta!!!
Uma boa foto de primeira página dos jornais de São Paulo, amanhã, é a de um remelento da USP, barbudinho, com todo o piano de fora, dedo em riste contra um policial. Nelson Rodrigues ironizava, nos anos 60, as passeatas que os esquerdistas — gente saudável, com todos os dentes na boca — faziam em […]
Naquele tempo, o brasileiro “10001” (sem dente entre os caninos), com radinho de pilha na orelha, só no cinema-exaltação de Carlos Niemeyer, num jogo do Flamengo (“que bonito ééééé/ a bandeira tremulando/ a torcida delirando/ vendo a rede balançar…”). Depois aparecia um dos generais da ditadura inaugurando alguma obra. O Brasil não tinha democracia, mas tinha hidrelétrica, e as pontes tinham começo, meio e fim. Era uma porcaria. Aí chegou a democracia: não temos hidrelétricas, e as pontes não têm fim nem começo, só meio. É uma porcaria também. Vale dizer: ainda não aprendemos a conciliar democracia com eficiência.
Porque parte da Dona Zelite, a exemplo do rapaz cheio de dentes que enfia o dedo no nariz do policial (em qualquer democracia do mundo, ele seria preso, já explico por quê), acredita firmemente que a eficiência é antidemocrática. Aprenderam isso com os professores frivolamente comunistas da USP, a geração de Marilena Chaui e outros menos votados, gente que fez resistência meramente retórica à ditadura. Quem, de fato, a enfrentou costuma passar longe do PT — com as exceções de sempre. Vejam o barulho que essa gente faz contra a chamada “pesquisa operacional”. A universidade brasileira pretende ser um templo antimercado. Parte dela quer continuar a consumir e a produzir em paz as suas drogas. Inclusive o ecstasy do socialismo.
Entenderam? O remelento de dedo em riste é símbolo de uma universidade — parte ínfima, mas barulhenta, de alunos, professores e funcionários — que não reconhece que a ditadura, que conferia alguma legitimidade às passeatas dos esquerdistas cheio de dentes, já passou. Essa gente não reconhece a interlocução democrática.
Mentiras
Sites estão noticiando que os estudantes queriam fazer uma passeata no entorno da USP (pra quê?), que foram contidos pela PM, mas furaram o bloqueio. É rigorosamente a versão da sindicalista Neli Wada, uma senhora um tanto exótica, queridinha de alguns jornalistas que cobrem a greve porque vêem nela algo de inimputável — se é que me entendem. Quem ainda não conhece a peça terá mais informações assistindo a este vídeo, feito em 2005 por alunos da Poli).
A versão de Neli é mentirosa. Eles estavam lá para fechar o acesso à universidade. Queriam trancar os portões, o que é um ato ilegal. E agora uma explicação: vagabundo que enfia o dedo na cara de um policial para tentar praticar uma ilegalidade tem de ir em cana. É simples assim. Se não vai, quem não o prende pratica prevaricação.
Há uma ordem judicial, não-cumprida, de desocupação da reitoria; todos os canais de negociação foram tentados; todas as tentativas de entendimento se frustraram; a cada frustração, a extrema minoria respondeu com sectarismo ainda mais estreito; a estreiteza começa a reivindicar a condição de uma categoria de pensamento. No vídeo que os invasores enviaram a Gilberto Gil, uma das líderes do movimento, exercitando todos os jargões da extrema esquerda, deixa claro que, se o movimento dos invasores —0,2% da USP — não é democracia, então ela quer outra democracia (!!!). Qual? A dela, a deles.
Chegou a hora — já passou — de a tropa de choque acabar com essa palhaçada. Mais: se os órgãos competentes do Estado não acionarem judicialmente os responsáveis pela violência e pela violação do código democrático, estarão prevaricando também. Além do privilégio da ilegalidade continuada, essa gente não pode ter também o da impunidade. Como estudantes e como cidadãos. Não são dignos, pra começo de conversa, de uma vaga na universidade que depredam, desonram, desrespeitam, humilham. O código da própria USP está sendo enxovalhado.
Basta!!!