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Um brasileiro na OMC: o mundo aplaude a nossa incompetência porque isso lhe é irrelevante!

Todos estão felizes e batendo bumbo! Que bom! O brasileiro Roberto Azevêdo venceu o mexicano Herminio Blanco e será o diretor-geral da OMC, a Organização Mundial do Comércio (OMC). Trata-se de uma eleição democrática, em que sempre é possível, nos votos ao menos, a vitória dos pequenos sobre os grandes. “Endoidou, Reinaldo? A disputa entre […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h18 - Publicado em 7 Maio 2013, 18h29

Todos estão felizes e batendo bumbo! Que bom! O brasileiro Roberto Azevêdo venceu o mexicano Herminio Blanco e será o diretor-geral da OMC, a Organização Mundial do Comércio (OMC). Trata-se de uma eleição democrática, em que sempre é possível, nos votos ao menos, a vitória dos pequenos sobre os grandes. “Endoidou, Reinaldo? A disputa entre um mexicano e um brasileiro pode ser assim definida?” Pode quando se consideram as visões de mundo que estavam em disputa: a de Blaco, que triunfou, e a de Azevêdo, que naufragou.

O Brasil apostou tudo na chamada Rodada Doha, que buscava eliminar barreiras do comércio mundial. Deu errado! Em 2008, ficou claro que o mundo escolhia outro caminho, mas o Brasil se aferrou à escolha multilateralista por razões ideológicas. Alguém dirá: “Deu certo! Olhem o Azevêdo lá!”. Lá onde? Ter conquistado a diretoria-geral da OMC não quer dizer absolutamente nada. O agora escolhido é um dos luminares da área econômica do Itamaraty desde 2005. É, portanto, um dos apóstolos de uma política que deu errado.

Desde 1991, quando se tornou membro do Mercosul, o Brasil fechou, ATENÇÃO”!, três acordos bilaterais: com Israel, Egito e… Palestina! Só o primeiro está em vigência. Parece piada, mas é assim mesmo. Até 10 de janeiro de 2013, a OMC tinha registrados nada menos de 543 acordos bilaterais. Estavam em vigência 354 deles — a metade havia sido firmada a partir de 2003. Mas o Brasilzão véio de guerra estava lá, com a sua posição supostamente evangelizadora, tomando na cabeça, mas orgulhoso em poder dar lições ao mundo de multilateralismo.

E Azevêdo é um desses evangelistas, que fazem questão de manter o Brasil numa espécie de trilha missionária, quando fica evidente que o mundo tinha feito outra opção. Consta que pode ter tido o apoio de 106 países para ser diretor-geral da OMC. Certamente os pequenos e ressentidos, que também fizeram a escolha errada, contribuíram para essa avalanche de votos.

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“Ah, um brasileiro consegue um feito notável, e o Reinaldo, só para encher o saco do PT, não aplaude!” Não é isso, não! Tento de novo: Azevêdo é um dos apóstolos de uma escolha que foi desastrosa para o Brasil, que está marginalizando o país no comércio mundial. Não fossem as commodities que produzimos — e o mundo (quero dizer, a China!) precisa delas —, estaríamos numa posição ainda mais difícil. Enquanto EUA, União Europeia, México, o Chile e o Peru — sim, o Peru! — faziam acordos bilaterais, o Brasil continuava e continua atrelado a um Mercosul que, hoje, só traz prejuízos ao país. Existe para que possamos ser permanentemente trapaceados pela Argentina, que impõe as barreiras que quiser, quando bem entende.

Tento de novo: estão em curso 354 acordos bilaterais no mundo — metade firmada de 2003 para cá. O Brasil assinou três e mantém apenas um: com Israel. Os EUA estabeleceram 14 acordos bilaterais. Do outro lado, muitas vezes, há blocos de países. E negocia um portento com a União Europeia, que, por sua vez, participa de 32. A China, com a importância que assumiu no mundo, já assinou 15. O Brasil… Bem, o Brasil mantém apenas um. “Com a União Europeia?” Não! Com Israel. Com a Palestina e com o Egito, não deu certo!

Azevêdo na OMC significa que o resto do mundo aplaude a nossa incompetência. Até porque os EUA, a União Europeia, a China, o Canadá, o Chile e o Peru continuarão a fazer os seus acordos bilaterais, independentemente do evangelho de Azevêdo. Poderão até declarar o Brasil campeão moral do multilateralismo, mas continuarão mesmo a ganhar dinheiro com o bilateralismo.

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