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Reinaldo Azevedo

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Um bom artigo de Elio Gaspari, de quem discordo quase sempre

À diferença do que dizem alguns bobocas, eu não leio “pessoas”, mas os seus textos; importa-me menos “quem” diz determinada coisa do que “o que” está sendo dito. Elio Gaspari, de quem discordo quase sempre, escreveu um bom texto hoje na Folha sobre os Estados Unidos. Talvez ele se pergunte onde foi que errou, hehe, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h13 - Publicado em 3 ago 2011, 06h21

À diferença do que dizem alguns bobocas, eu não leio “pessoas”, mas os seus textos; importa-me menos “quem” diz determinada coisa do que “o que” está sendo dito. Elio Gaspari, de quem discordo quase sempre, escreveu um bom texto hoje na Folha sobre os Estados Unidos. Talvez ele se pergunte onde foi que errou, hehe, já que gostei, mas o fato é que acertou quase tudo. Fez uma síntese um tanto apressada do combate dado por Bush ao terrorismo. A questão não era simples  — na verdade, tratava-se de um tipo de combate inédito. Até hoje, Obama não fechou Guantánamo, por exemplo. Mas é um elemento lateral no texto.

Dado o catastrofismo bocó que toma conta do noticiário mundo afora — no Brasil, não é diferente — e todas as tolices antidemocráticas que foram ditas sobre os republicanos e o Tea Party em particular, Gaspari acertou o tom, inclusive no que concerne à China.

Sou assim, como sabem os leitores habituais do blog: quando gosto, digo “sim”; quando não gosto, digo “não”. E pouco me importa quem diz o que gosto ou aquilo de que não gosto. Sou até tomado de uma discreta excitação intelectual quando concordo com alguém de quem esperava discordar. Leiam o artigo.

*
Os EUA iam acabar em 1861

Os Estados Unidos iam acabar. Não nesta semana, mas há exatos 150 anos, depois que as tropas do Sul venceram em Manassas a primeira grande batalha da Guerra Civil. Grandes políticos ingleses, bem como “The Economist” e “The Times” (pré-Murdoch), achavam que o presidente Lincoln forçara a mão com o Sul. Quatro anos e 620 mil mortos depois, a União foi preservada e acabou-se a escravidão.

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Passou pouco mais de meio século e, de novo, os Estados Unidos iam acabar. A Depressão desempregou 25% de sua mão de obra e contraiu a produção do país em 47%. A crise transformou fascismo e nazismo em poderosas utopias reacionárias. De Henry Ford a Cole Porter, muita gente se encantou com o ditador italiano Benito Mussolini. Dezesseis anos depois, as tropas americanas entraram em Roma, Berlim e Tóquio.

Em 1961, quando os soviéticos mostraram Yuri Gagarin voando em órbita sobre a Terra, voltou-se a pensar que os Estados Unidos iam se acabar. Em 1989, acabou-se o comunismo.

A decadência americana foi decretada novamente em 1971, quando Richard Nixon desvalorizou o dólar, ou em 1975, quando suas tropas deixaram o Vietnã. O dólar continua sendo a moeda do mundo, inclusive para os vietnamitas.

A última agonia, provocada pela exigência constitucional da aprovação, pelo Congresso, do teto da dívida do país, foi uma crise séria, porém apenas uma crise parlamentar. Para o bem de todos e felicidade geral das nações, não só os Estados Unidos não se acabam, mas o que se acaba são os modelos que se opõem ao seu sistema de organização social e política.

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No cenário de hoje, o ocaso americano coincidiria com a alvorada de progresso e eficácia da China. Lá, o teto da dívida jamais será um problema. Basta que o governo decida. Como lá quem decide é o governo, nos últimos cem anos o Império do Meio passou por dois períodos de fome que geraram episódios de antropofagia. Hoje a China não tem os problemas dos Estados Unidos, afinal, nem desastre de trem pode ser discutido pela população.

Guardadas as proporções, o sistema político brasileiro seria melhor que o americano, porque não haveria aqui a crise parlamentar provocada pelo teto da dívida. Se houvesse, o Brasil não teria quebrado nos anos 80 por ter tomado empréstimos dos banqueiros que ajudaram a criar a encrenca que hoje atormenta Washington.

Aquilo que parece uma crise da decadência é uma simples e saudável manifestação do regime democrático. Quando os negros americanos foram para as ruas, marchando em paz ou queimando quarteirões, também temeu-se pelo futuro do país. O que acabou foi a segregação racial.

Se hoje há uma crise nos Estados Unidos, ela não está nas bancadas republicanas ou mesmo na influência parlamentar do movimento Tea Party. Eles defendem o que julgam ser o melhor caminho para o país. A crise está em outro lugar, na negação, por um tipo de conservadorismo extremado, dos valores que fizeram da nação americana o que ela é. Quando o governo Bush sequestrou suspeitos pelo mundo afora, levando-os para centros de tortura, e viu-se obrigado a soltar alguns deles porque não eram o que se pensava, aí sim, os Estados Unidos estavam em perigo.

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