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Tragam-me a ameaça inflacionária: eu quero vê-la

É claro que eu não acho que os bravos rapazes do Copom decidem os juros com base em interesses perversos. Ou porque gostam de ver a cambada sofrer. Isso é besteira. Mas reparem bem: é o oposto equivalente daqueles que consideram que criticar taxas elevadas de juros é flertar com a inflação. Assim como não […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h45 - Publicado em 25 jan 2007, 17h37
É claro que eu não acho que os bravos rapazes do Copom decidem os juros com base em interesses perversos. Ou porque gostam de ver a cambada sofrer. Isso é besteira. Mas reparem bem: é o oposto equivalente daqueles que consideram que criticar taxas elevadas de juros é flertar com a inflação. Assim como não parto do princípio de que os diretores do BC estão apenas interessados em bem remunerar os bancos, repudio a suposição de que criticá-los corresponde a flertar com a desordem econômica. Neguei aqui, alguma vez, a correlação entre a dívida e os juros? Não. A taxa que temos representa o ponto ótimo dessa correlação? Acho que não. E aqui estaria uma boa primeira pergunta para o debate. Estou me insurgindo contra o que chamo “doxa”. Miriam Leitão, de O Globo, costuma fazer comentários de economia que considero sempre pertinentes. Mas vejam o que escreve na coluna de hoje, depois de criticar a tolice de Guido Mantega (aquele apelo a Meirelles por juros mais baixos — também critiquei e até disse que ele seria co-responsável pelo conservadorismo do BC):

“A decisão de queda dos juros de 0,25 ponto percentual foi técnica. Errada ou certa, seguiu o ritual da reunião do Copom de dois dias de análises e convergência de opiniões. (…) Pode parecer preciosismo, mas num país que teve duas décadas e mia de superinflação e Uma assustadora hiperinflação, não é demais lembrar que o papel dos bancos centrais é garantir a estabilidade; sua primeira missão é evitar a inflação; banco central algum garante crescimento”.

Sou leitor habitual de Miriam Leitão. Ela sempre diz o que pensa. Se achasse que a decisão foi correta, especialmente em face da grita generalizada, teria escrito. Não escreveu porque não acha. Mas se nega a dizer que a decisão está errada. “Roma locuta, causa finita est”. Vai que ela seja confundida com esses desenvolvimentistas nojentos… Há duas instâncias infalíveis no mundo hoje: o papa e o BC brasileiro
Huuummm… Não houve tanta convergência assim, não é mesmo? Cinco a três, depois do desastre Mantega, não é “convergência de opiniões”. O Brasil já teve, é verdade, superinflação e ameaça de hiperinflação. Conviria que o passado não oprimisse com o peso de uma ditadura o cérebro dos vivos. Sim, a primeira — mas não a única — missão de um BC é evitar a inflação. Então me tragam, por favor, a ameaça de inflação. Reparem que Miriam não diz que ela existe. Porque não existe.
Aliás, os poucos que estão defendendo a ação do BC driblam magistralmente a questão. Limitam-se a defender o “direito” de o banco arbitrar os juros. Esse tal “direito” seria um debate longo. Por ora, eu me contentaria apenas com uma coisa: tragam-me a ameaça inflacionária. Eu quero ver.

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