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Todos espionam. Até o Brasil!

Pois é… Mais de uma vez dei de ombros para essa conversa da espionagem americana. Quando não o fiz, tratei Edward Snowden por aquilo que é: um pilantra. Como ele não me deixa mentir, tornou-se um fiel servidor do regime de Vladimir Putin… A grande conspiração que Glenn Greenwald denunciou ao mundo não passa de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h03 - Publicado em 4 nov 2013, 16h55

Pois é… Mais de uma vez dei de ombros para essa conversa da espionagem americana. Quando não o fiz, tratei Edward Snowden por aquilo que é: um pilantra. Como ele não me deixa mentir, tornou-se um fiel servidor do regime de Vladimir Putin… A grande conspiração que Glenn Greenwald denunciou ao mundo não passa de operação de rotina. A China, até onde sua tecnologia alcança, faz a mesma coisa. A Rússia idem. Todo mundo espiona todo mundo. O equilíbrio que há no mundo — ou, segundo alguns, “desequilíbrio” — se deve também à espionagem. Há, emendo à margem, algo de patético em querer disciplinar esse tipo de coisa. Ainda que se estabeleçam as regras, é próprio da atividade não haver regra nenhuma.

Dilma Rousseff fez grande escarcéu — não iria perder a oportunidade, não é? — com a história da suposta espionagem. Cancelou uma visita oficial aos EUA. O Brasil exigiu um pedido de desculpas que nunca veio — e, na forma pretendida ao menos, não virá.

A Folha de hoje traz uma reportagem de Lucas Ferraz informando que diplomatas estrangeiros — russos, iranianos e iraquianos — foram espionados no Brasil. Leiam trecho. Volto em seguida.
*
O principal braço de espionagem do governo brasileiro monitorou diplomatas de três países estrangeiros em embaixadas e nas suas residências, de acordo com um relatório produzido pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e obtido pela Folha. O documento oferece detalhes sobre dez operações secretas em andamento entre 2003 e 2004 e mostra que até países dos quais o Brasil procurou se aproximar nos últimos anos, como a Rússia e o Irã, viraram alvos da Abin. Segundo o relatório, que foi elaborado pelo Departamento de Operações de Inteligência da Abin, diplomatas russos envolvidos com negociações de equipamentos militares foram fotografados e seguidos em suas viagens.

O mesmo foi feito com funcionários da embaixada do Irã, vigiados para que a Abin identificasse seus contatos no Brasil. Os agentes seguiram diplomatas iraquianos a pé e de carro para fotografá-los e registrar suas atividades na embaixada e em suas residências, conforme o relatório. A Folha entrevistou militares da área de inteligência, agentes, ex-funcionários e ex-dirigentes da Abin nas últimas duas semanas para confirmar a veracidade do conteúdo do documento que obteve. Alguns deles participaram diretamente das ações.

O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ao qual a Abin está subordinada, reconheceu que as operações foram executadas e afirmou que todas foram feitas de acordo com a legislação brasileira. Segundo o governo, foram operações de contrainteligência, ou seja, com o objetivo de proteger segredos de interesse do Estado brasileiro. Nos últimos meses, o vazamento de documentos obtidos pelo analista americano Edward Snowden permitiu que o mundo conhecesse detalhes sobre atividades de espionagem dos EUA em vários países, inclusive no Brasil.
(…)

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Retomo
Vejam bem… A “nossa” espionagem parece ser uma pouco mais rudimentar, não é? Lembro-me de um quadro do infelizmente extinto “Casseta & Planeta” em que apareciam os “homens do saco” — espiões que se apresentavam com saco pardo enfiado na cabeça, com dois buracos no lugar dos olhos. Comparado o que se deu aqui com a operação da NSA, a da Abin está mais para a caricatura.

Pouco importa a qualidade do serviço; a questão é de princípio. A espionagem é parte do jogo. É claro que a Abin vai tentar saber quem passou a informação à Folha para punir os agentes. É o seu papel. Imaginem se fosse o contrário; imaginem uma agência de Inteligência, que é braço do estado brasileiro, a incentivar o vazamento de informações…

Outra informação de Ferraz:
“A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitorou um conjunto de salas alugadas pela embaixada dos Estados Unidos em Brasília por suspeitar que eram usadas como estações de espionagem. A operação ‘Escritório’ é descrita em relatório elaborado pelo Departamento de Operações de Inteligência da Abin e obtido pela Folha. Segundo o documento, os agentes brasileiros concluíram que os americanos tinham ali equipamentos de comunicação, rádios e computadores. ‘Funcionando diariamente, com as portas fechadas e com as luzes apagadas, e sem ninguém trabalhando no local’, diz o relatório. ‘Esporadicamente a sala é visitada por alguém da embaixada.’ Como as outras operações descritas no documento da Abin, a ‘Escritório’ foi classificada pela agência como uma ação de contraespionagem.”

E aí?
O que farão os países “espionados”? Muito provavelmente, nada! Tudo está dentro do jogo. O mínimo que se espera da Abin é que faça isso mesmo. O que não é parte do jogo é haver vazamento de uma operação como essa. É um sinal de que o serviço precisa ser aprimorado. Snowden, no entanto, é a evidência de que não é a sofisticação do aparato que faz a segurança.

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