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Temer na coordenação política é um impeachment parcial de Dilma. Ou: o ministério mais importante está com Levy; o segundo mais importante, com o PMDB

A presidente Dilma Rousseff escolheu para a coordenação política um nome que não pode ser demitido: Michel Temer, vice-presidente da República. Ele vai incorporar as funções da pasta denominada “Relações Institucionais”, ministério que havia se tornado meramente decorativo na gestão da sucessora de Lula. Afinal, já foi ocupado pelo deputado Luiz Sérgio — que saiu […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 01h41 - Publicado em 7 abr 2015, 21h21

A presidente Dilma Rousseff escolheu para a coordenação política um nome que não pode ser demitido: Michel Temer, vice-presidente da República. Ele vai incorporar as funções da pasta denominada “Relações Institucionais”, ministério que havia se tornado meramente decorativo na gestão da sucessora de Lula. Afinal, já foi ocupado pelo deputado Luiz Sérgio — que saiu de lá para assumir a Pesca — e por Ideli Salvatti, que saiu da Pesca para assumir o cargo. No novo mandato, a presidente inventou Pepe Vargas, que não transita nem no PT. Vejam que curioso: se Dilma for impichada, seu substituto é Temer — na hipótese de a aluvião não alcançá-lo. A possibilidade do impedimento, hoje, é remota, sabe-se. Mas, em certa medida, com a ida de Temer para a coordenação política, dá-se o impeachment parcial da presidente e do petismo: a segunda área mais sensível do governo também sai das mãos da mandatária e do PT. A primeira, a economia, já saiu — ou Joaquim Levy representa o sonho de consumo dos companheiros?

A escolha de Temer é, dado o contexto recentíssimo, uma boa saída do ponto de vista da presidente. Afinal, o dia político raiou com uma humilhação e tanto para Dilma: Eliseu Padilha, ministro da Aviação Civil, recusou o convite para assumir as Relações Institucionais. Os motivos? Percebeu que não contaria com o apoio efetivo dos principais líderes do PMDB. Dilma havia costurado o seu nome com o próprio Temer, mas Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara, e Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, não demonstraram nenhum entusiasmo. O primeiro afirmou que nada mudaria na relação do partido com o governo. Padilha sentiu cheiro de carne queimada de um lado e de outro: na pasta, sua autonomia seria relativa, em meio a tantos “coordenadores políticos”; no PMDB, sua voz não seria mais influente do que é hoje.

Vamos ver: que Dilma precise fazer alguma coisa, ah, isso precisa, não é? A patetice com a história de Padilha é um emblema disso. Como é que uma presidente da República permite que um ministro seu recuse publicamente uma mudança de pasta? Antes que a alternativa viesse a público, alguém deveria ter feito as devidas consultas prévias. Não aconteceu. Deu no que deu.

Procurem o noticiário de há uns 15 dias para trás. Ele informa, e com correção — porque assim era —, que Temer estava alijado das decisões. Dilma mantinha o seu vice a uma prudente distância por razões que a razão desconhece. E os trapalhões ficavam lá, tomando olé ora de Cunha (no mais das vezes), ora de Renan (às vezes). Temer tem esse poder todo no PMDB? A resposta, como todo mundo sabe, é “não”. Ele endossava o nome de Padilha, por exemplo; foi consultado. Também deu no que deu. Em passado não muito distante, chegou a ser acionado para tentar impedir a candidatura de Cunha à presidência da Câmara. O resultado também é conhecido. Não é, e todo mundo sabe, o nome com mais influência no PMDB.

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Mas é claro que a relação de Dilma com o PMDB passará por uma acomodação. Mas não contem com a possibilidade de Cunha perder seu protagonismo. Não vai acontecer, a menos que colhido por fatores outros. Não contem com a possibilidade de Renan desistir de ter uma agenda com a sua marca, a menos que… Nem partam do princípio de que, assim, se realiza o sonho de Lula: entregar o Planalto ao PMDB, que garantiria a governabilidade, enquanto ele cuidaria da própria candidatura à Presidência em 2018.

Anotem aí: uma coisa hoje une todos os peemedebistas, de qualquer quadrante, de qualquer corrente, de qualquer vertente — e isso inclui Temer e até o veteraníssimo José Sarney: o partido já decidiu que não vai preparar a cama de Lula para a próxima disputa presidencial. Todas as prefigurações caminham para uma candidatura própria à Presidência. Ou, na expressão de Cunha, “time que não joga não tem torcida”.

Com Temer na coordenação política, o número de vexames do governo Dilma no Congresso tende a ser menor. Mas pensem num PMDB, reitero, que não quer ser mais um mero mordomo ou um eunuco da corte persa do petismo.

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