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Sem véu sobre a nudez da verdade: Doria e Alckmin querem o mesmo

Para uma coisa serviu a jornada de Alckmin e Doria em Nova York. Ninguém mais precisa fingir que o prefeito não é pré-candidato

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 17 Maio 2017, 09h22 - Publicado em 17 Maio 2017, 08h59
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  • Publiquei ontem aqui um texto cujo título é este: “Doria em NY: prefeito nega a candidatura e lança a candidatura…”. Alguns — partidários da candidatura do prefeito de São Paulo à Presidência — tentaram se irritar: “Está querendo indispor o João Doria com o Geraldo Alckmin?”. Ora… Eu não! Creio que os dois se conhecem o bastante para se indispor ou se compor por sua própria conta, sem minha ajuda. De resto, eu não escrevo para provocar esta reação ou aquela. Escrevo o que vejo.

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    E ficou evidente que a jornada da dupla em Nova York, no volume do noticiário e nos títulos que rendeu na imprensa brasileira, foi mais favorável a Doria. De fato, Alckmin pareceu um coadjuvante. De tal maneira foi eficiente o marketing do prefeito — no sentido mais neutro do termo; sem juízo moral negativo ou positivo — que, parece-me, a coisa tende a um desfecho precoce. E, nesse sentido, há uma possibilidade de que tenha sobrado marketing e faltado estratégia. A corrida presidencial é uma maratona, não uma disputa de 100 metros.

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    Se alguma ambiguidade pôde ser percebida no prefeito, na segunda, entre o café da manhã e o jantar — ora não era, ora era pré-candidato —, ela desapareceu na entrevista à Bloomberg: sim, vitorioso numa prévia, Doria aceita disputar a Presidência. Não me digam! É o mínimo que se espera, não? Ou teria entrado numa prévia para, uma vez bem-sucedido, declarar: “Ah, não, prefiro ficar na prefeitura mesmo…”? E o prefeito já deixou claro que, para ele, deve ser o candidato do partido quem tiver mais intenções de voto nas pesquisas… Mas, se é assim, então se dispensam as prévias, certo?, que ele disse defender.

    Voltemos ao ponto. Alckmin também afirmou, pela primeira vez de forma explícita, que pretende, sim, se candidatar à Presidência. Fossem dois adversários, poderiam já partir para a porrada. Mas não são. Sem o governador, Doria não teria tido a chance de disputar a prefeitura. E sabe o prefeito que seu aliado pretende tê-lo como peça estratégica. Ocorre que…

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    Ocorre que, desde os passos iniciais, ficou evidente que o prefeito tinha horizonte mais largo. E ele não se fez de rogado. Vestiu a carapuça do candidato e foi à luta. E, justiça se faça, não se pode dizer que o tenha feito pelas costas de Alckmin. Não! A bola do jogo foi posta à frente mesmo. E o ápice foi a viagem a Nova York.

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    Durante algum tempo, alguns assessores do governador inventaram a exótica teoria — duvido que eles próprios acreditassem no que diziam — de que Doria e Alckmin atuavam em conjunto e que seriam inúteis todos os esforços para distanciá-los. Acho que essa fantasia já pode sair de cena, não? E é por isso que o marketing da jornada nova-iorquina pode ter sido bom demais para estratégia de menos.

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    Tudo o mais constante, Alckmin não tem mais de se perguntar se Doria atua ou não para ser candidato. Atua. O prefeito não tem mais de fazer ressalvas: “Ah, meu candidato é o Geraldo”. Mas aí surge a questão: é razoável que criador e criatura lutem tão precocemente pelo mesmo objeto do desejo? Minha resposta é “não”.

    Alckmin tem uma de três saídas:

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    a: retirar-se da pré-disputa e se conformar em ser um subordinado, em São Paulo, daquele que ele bancou;

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    b: deixar claro que irá disputar as prévias com ou sem Doria na parada;

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    c: tocar um tango argentino, como recomendava o médico de Manuel Bandeira diante do irremediável.

    Depois de Alckmin dar a Doria a vaga de candidato a prefeito, eis os dois a cultivar o mesmo objeto do desejo.

    Tiremos o véu diáfano da fantasia que cobre a nudez forte da verdade.

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