PSB agora dá sinais de que pode optar pela traição também em SP. É um jeito de ver o mundo… Ou: Turma de Campos-Marina já pode vencer o PT no campeonato de arrogância
Pois é… Os campos-marineiros parecem estar mesmo com o rei — ou a Santa da Floresta — na barriga. Vai fazer uma semana amanhã que Eduardo Campos e Marina Silva anunciaram uma aliança, e o PSB já reúne o PSB e o… E mais ninguém! A Rede, como a gente viu, ainda é mais imaginação […]
Pois é… Os campos-marineiros parecem estar mesmo com o rei — ou a Santa da Floresta — na barriga. Vai fazer uma semana amanhã que Eduardo Campos e Marina Silva anunciaram uma aliança, e o PSB já reúne o PSB e o… E mais ninguém! A Rede, como a gente viu, ainda é mais imaginação do que fato. O partido não conseguiu se organizar nem sequer para obter as assinaturas. Mas o grupo já atua com uma arrogância invejável. Nesse sentido, os petistas, mesmo com a máquina de que dispõem, estão se mostrando um tantinho mais humildes. Dilma Rousseff já deixou claro que está preocupada. Lula, o chefão do partido, reuniu-se ontem com ela para cuidar dos próximos passos. Segundo entendi (ver post das 13h01), os “companheiros” estão cuidando de ter ainda mais aliados.
O PSB, agora que se juntou com a força telúrica de Marina Silva, está fazendo o contrário. Está jogando fora os que já tem. Campos já protagonizou um papelão com o deputado Ronaldo Caiado, possível candidato do DEM ao governo de Goiás. Entusiasta de primeira hora da candidatura do governador de Pernambuco à Presidência, Caiado, que é um político decente, goste-se ou não de suas ideias, levou um chute gratuito de Marina, referendado por Campos — com quem mantinha uma conversação política franca e aberta. Certo! Se Marina chega, Caiado tem de ser expulso! Ela o acusa, sem fundamento nos fatos, sem nada, de “inimigo do trabalhador rural”. Eis Marina. Herdou do petismo o sestro de atirar primeiro e perguntar depois.
Agora, chegou a vez de São Paulo. Eu já tinha ouvido nos bastidores um zunzunzum. Estava praticamente certo que o PSB fecharia com a candidatura de Geraldo Alckmin à reeleição — e Campos, então, era apontado como o possível candidato do PSB à Presidência. Mas, agora, há Marina. São Paulo é certamente um estado mais ecologicamente correto do que o Acre dos irmãos Viana, onde Marina é poder — participa dele por intermédio de aliados — há muitos anos. Mas também em São Paulo o PSB parece que fará a opção pela traição virtuosa.
O deputado federal Walter Feldman, eleito pelo PSDB, hoje da Rede, mas filiado ao PSB, concede uma impressionante entrevista a Ranier Bragon, da Folha. Reproduzo trechos:
Folha – O sr. pretende se candidatar ao governo de São Paulo contra o Alckmin?
Walter Feldman – Eu sei que o Eduardo e a Marina têm conversado um pouco sobre as candidaturas regionais. E, quando falam em candidatura em São Paulo, é natural o meu nome aparecer. Eu estou ali, sou político, e participamos de todo o processo. Agora, não conversei ainda nada sobre isso com o Márcio França. Não poderia dizer uma coisa qualquer que não passasse pelo Márcio.
A própria Marina disse que o sr. é um possível candidato ao governo.
Não nego que já conversamos, ela me perguntou o que eu achava e eu aí disse a ela que achava bom que a gente começasse a conversar sobre isso depois da criação da Rede.
(…)
A tendência da Rede e do PSB é ter uma candidatura própria?
Eu prefiro falar do ponto de vista teórico. Hoje Rede e PSB, leia-se Eduardo e Marina, constituem uma terceira via para Brasil, consistente, competitiva. Sendo São Paulo o Estado que é, é evidente que tem que haver uma avaliação dessa dimensão no Estado. Evidente que o caminho que estava sendo trilhado antes dessa aliança [apoio a Alckmin] tem que ser aprofundado, refletido.
Retomo
Entendi. Quando, então, Eduardo Campos se julgava um candidato inviável, aí o palanque com o PSDB lhe parecia bom. Agora que se teria constituído a “terceira via”, não mais. Pois é… Um pouco de humildade — se for o caso, em nome da terceira via — não faria mal nenhum a essa turma. Mal correu os metros iniciais da maratona, já acha que pode ir descartando aliados como quem estivesse no comando de uma máquina formidável. Reitero: até os petistas estão sendo mais cuidadosos.
Isso me surpreende? Nem um pingo! Num dos textos que escrevi no sábado, quando os dois anunciaram a união, havia isto aqui (vai a imagem):
Encerro
Só não considerei que Campos entregasse a condução desse assunto aos “marineiros”. Com menos de uma semana de aliança, o PSB está mais isolado do que antes. Isso é que é confiar nos milhões de votos de Marina, não é mesmo?