Panelaço contra Cristina Kirchner mobiliza milhares
Por Adriana Küchler, na Folha:Os panelaços contra o governo de Cristina Kirchner, que se concentravam em bairros mais nobres de Buenos Aires, tomaram ontem à noite as ruas da capital e se espalharam por regiões mais simples e por outras cidades, como Córdoba, Rosário, Mendoza e Bariloche.A senha para o movimento de milhares de pessoas […]
Os panelaços contra o governo de Cristina Kirchner, que se concentravam em bairros mais nobres de Buenos Aires, tomaram ontem à noite as ruas da capital e se espalharam por regiões mais simples e por outras cidades, como Córdoba, Rosário, Mendoza e Bariloche.
A senha para o movimento de milhares de pessoas foi a transmissão, pela televisão, de uma marcha liderada em Gualeguaychú, 200 km ao norte de Buenos Aires, pelo líder da ala mais radical dos produtores rurais, Alfredo De Angeli, que foi detido no sábado por bloquear uma estrada e liberado sete horas depois.
A detenção de De Angeli e de outros 19 ruralistas, que se recusavam a liberar o tráfego, levou o setor agrário a decretar o quarto locaute desde 11 de março, quando o governo aumentou os impostos sobre a exportação de grãos para garantir o abastecimento interno, conter o preço dos produtos e redistribuir os lucros do setor.
O conflito entre o campo e o governo argentino promete se acirrar ainda mais amanhã, com a realização de dois grandes atos rivais. A base de apoio do governo convocou uma manifestação na praça de Maio, em frente à Casa Rosada, em Buenos Aires, em defesa do governo de Cristina Kirchner, enquanto o setor agropecuário promoverá um dia de protestos em todo o país.
Do primeiro ato, participarão o ex-presidente Néstor Kirchner, sindicatos, piqueteiros e movimentos sociais que apóiam o governo; o segundo deve ter apoio da população do interior e da classe média e alta das grandes cidades.