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Palocci se explica, mas se complica

As coisas ficaram bem complicadas para Antônio Palocci, e só não há um barulho mais audível na imprensa porque o homem circula bastante. Além de ser uma figura pessoalmente afável, é sempre usado como uma espécie de garantia contra aquelas turmas, digamos, menos salubres do PT: a do Zé Dirceu, a do Ricardo Berzoini, a […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h59 - Publicado em 16 Maio 2011, 18h37

As coisas ficaram bem complicadas para Antônio Palocci, e só não há um barulho mais audível na imprensa porque o homem circula bastante. Além de ser uma figura pessoalmente afável, é sempre usado como uma espécie de garantia contra aquelas turmas, digamos, menos salubres do PT: a do Zé Dirceu, a do Ricardo Berzoini, a da extrema esquerda…

O ministro da Casa Civil, cuja adesão ao socialismo não é mais nem um quadro na parede — nem nunca chegou a doer —, é visto como o PT adestrado pelo capital. E não deixa de ser mesmo, o que, em si, não é má notícia, não. Se essa realidade desperta rancor tanto na extrema esquerda petista quanto nos graúdos, que disputam com ele o poder no governo, isso não quer dizer que se deva sempre condescender com o ministro porque ou é ele ou é o dilúvio.

Palocci escreveu uma das páginas mais feias da política brasileira no episódio da violação do sigilo do caseiro Francenildo. Escapou no STF em razão da formalidade jurídica, não de sua estatura moral. Não havia a sua digital material naquela indignidade, mas se sabe que foi cometida por aliados seus, e ele era o único interessado naquela informação — à qual teve acesso. Lembro que aquela violação foi um crime cometido contra uma proteção constitucional; pior: como diria Padre Vieira, foi um peixe grande engolindo um pequeno.

Já sabemos que Palocci pode cometer pecados verdadeiramente mortais. O Supremo nem mesmo chegou a dizer que era venial — preferiu considerar que não havia a prova de sua transgressão. E só por isso ele é hoje chefe da Casa Civil, um dos homens mais poderosos da República.

Vamos ver. Quem, aí, sabia que Palocci tinha uma empresa de consultoria, do mesmo tipo daquela fornecida, segundo entendi, por José Dirceu? Aquele que a Procuradoria Geral da República chama “chefe da quadrilha” do mensalão não chega a ser exatamente elogiado pelo jornalismo por conta de sua destreza no mundo dos negócios. Não há rigorosamente nada a seu favor nesse episódio. Na comparação com Palocci, no entanto, torna-se relevante o fato de que ele está sem mandato ao menos. Palocci, descobre-se agora, mantinha o que chama de “empresa de consultoria” enquanto era deputado.

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Não há nada de errado nisso, diz a Comissão de Ética Púbica, que se negou a analisar o caso. Mas que é surpreendente, lá isso é. Eficiência ao ex-deputado e ex-ministro, como se nota, também não faltou. Um apartamentaço de R$ 6,6 milhões, comprado com o rendimento de quatro anos como consultor privado, expõe o notável desembaraço do político petista. Melhor que Dilma, né? Ela teve de fechar uma lojinha estilo “R$ 1,99″… Todos estão agora ainda mais curiosos para saber o desempenho de Dirceu na arte em que, comparativamente ao menos, Palocci era um amador.

Oposições
O ministro deve saber que suas explicações podem ter parecido muito razoáveis ao governo e à Comissão de Ética Pública, mas deixaram o mundo político  — e até a imprensa —  bastante surpresos, né? Gostávamos de imaginar que Palocci é desses homens empenhados apenas na modernização do Brasil.

O PSDB anunciou que vai apresentar um pedido para que a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara convide o ministro a dar explicações. O partido também informou que vai enviar requerimentos de informações ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), à Receita Federal e à Controladoria-Geral da União. Faz sentido. O Coaf, muito eficiente, havia conseguido detectar movimentação “estranha” até de Francenildo, né? Quanto era mesmo? R$ 30 mil? O PPS afirmou que entra amanhã com uma representação na PGR (Procuradoria-Geral da República) pedindo a abertura de inquérito para investigar o enriquecimento do ministro.

Mas, afinal, qual é mão que balança o berço e que pôs Palocci na berlinda? Fica para o próximo post.

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