Os que pretendem ser mais sabidos chamam-me “fascista”. Errado. O fascismo é um regime de massas. Eu acho que as massas embrutecem o poder. Meu livro de cabeceira é A Rebelião das Massas, de Ortega y Gasset. Trata da realidade européia, mas há nele afirmações que são universais — isto é, independem de tempo e momento. O autor não era, claro, uma marxista como Marxilena Oiapoque, razão por que não é lido nos cursos de ciências humanas das universidades brasileiras. Lembram-se daqueles testes? Pergunte a seu professor esquerdista, de preferência àquele mais loquaz e aparentemente sabido, o que ele pensa sobre esse livro. Não leu. Ele vai apenas dizer que “Ortega y Gasset era um reacionário”.
Quer dizer que contestar a sapiência popular é um ato em si mesmo criminoso? Isso significa, por exemplo, anuir com o fascismo e com o nazismo ou, nesse caso, ressalvam-se as disposições em contrário? Os petralhas podem rosnar à vontade. Têm até um canil pra isso. Aos civilizados, deixo um trecho do capítulo 7 de A Rebelião das Massas, chamado “Vida Nobre e Vida Vulgar ou Esforço e Inércia”. Como estão reclamando do itálico, vou postar em azul para distinguir.
(…)
O homem que analisamos habitua-se a não apelar de si mesmo a nenhuma instância fora dele. Está satisfeito tal como é. Ingenuamente, sem necessidade de ser vão, como a coisa mais natural do mundo, tenderá a afirmar e considerar bom tudo quanto em si acha; opiniões, apetites, preferências ou gostos. Por que não, se, segundo vemos, nada nem ninguém o força a compreender que ele é um homem de segunda classe, limitadíssimo, incapaz de criar nem conservar a organização mesma que dá à sua vida essa amplitude e esse contentamento, nos quais baseia tal afirmação de sua pessoa?
Os privilégios da nobreza não são originariamente concessões ou favores, mas, pelo contrário, são conquistas, e, em princípio, supõe sua conservação que o privilegiado seria capaz de reconquistá-las em todo instante, se fosse necessário e alguém se lho disputasse. Os direitos privados ou privilégios não são, pois, posse passiva e simples gozo, mas representam o perfil onde chega o esforço da pessoa. Contrariamente, os direitos comuns, como são os “do homem e do cidadão”, são propriedade passiva, puro usufruto e benefício, tão generoso do destino com que todo homem se encontra, e que não corresponde a esforço algum, como não seja o respirar e evitar a demência. Eu diria, pois, que o direito impessoal se tem e o pessoal se mantém.”