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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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O TEMPO PASSOU NA JANELA, CAROLINA!

Muitos protestos, claro!, contra o texto em que contesto as  bobagens monumentais escritas por Clóvis Rossi. Pena que essa gente não consiga limpar os pés e a língua e tente se comportar aqui como se comporta na USP: emporcalhando tudo. A minha arma de dissuasão, nos limites de um blog, é bem mais poderosa do […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h27 - Publicado em 14 jun 2009, 08h13

Muitos protestos, claro!, contra o texto em que contesto as  bobagens monumentais escritas por Clóvis Rossi. Pena que essa gente não consiga limpar os pés e a língua e tente se comportar aqui como se comporta na USP: emporcalhando tudo. A minha arma de dissuasão, nos limites de um blog, é bem mais poderosa do que aquelas empregadas pela PM, que é o povo de farda: a EXCLUSÃO. Se eles não conseguem ter um comportamento civilizado num ambiente público, terão de tê-lo num ambiente privado, que é esta página. Ou não entram. Há tanto pardieiro onde exercitar seus baixos instintos e resfolegar suas teses. Por que aqui? Adiante.

Não tenho como responder ao engrolado dessa gente porque se trata de um momento raro da nossa longa trajetória: o encontro de dois estágios distintos da espécie. Se o sujeito é incapaz de entender os direitos individuais como coisa inegociável, o que é que eu tenho a lhe dizer? Nada! Se ele realmente acredita que alguém pode chamar para si a prerrogativa de tolher o meu direito de ir e vir, segundo o que está expresso numa Constituição democrática, como devo convencê-lo? Bem, acho que ele tem de ser convencido por um cassetete. Ou, ao menos, contido por um.

Como não sou disso, a democracia que prezo tanto oferece uma resposta: também segundo a Constituição e as leis, põe farda em parte do povo e lhe concede o monopólio do uso da força. A civilização é assim, entendem? Assim a gente descobriu a vacina contra a varíola, o elevador e a interdição de soltar pum no elevador — que é a tecnologia associada à civilidade. Se aquele 0,5% da USP, sob o comando da  Liga Estratégica Revolucionária (LER-QI), quer impor seu raciossímio na base da porrada, então é preciso que experimente o cassetete democrático-civilizacional. Mais: chegou a hora de processar essa gente em razão de um penca de transgressões cometidas segundo os códigos da democracia: constrangimento ilegal, depredação de patrimônio público, agressão… Dá pra escolher.

Voltado
Mas volto ao texto e à tese de Clóvis Rossi e, agora, respondo a alguns que ensaiaram alguma ponderação: “Ah, mas você pegou pesado demais com o cara”. Não peguei, não! Peguei foi leve. Não é possível — quer dizer, “possível” é, tanto que ele escreveu e foi publicado; mas não parece aceitável — que o titular de uma coluna de um jornal de prestígio condene uma ação policial e a opinião de quem a defende afirmando que vai se abster de debater os argumentos contrários. Ora, quem declina do debate e, pois, ignora as ponderações do outro, opta, então, por qual coisa? Pelo preconceito. Que foi o que Rossi fez. Relembro um trecho:

“Não estou nem discutindo os argumentos que Dallari apresentou em sua entrevista de ontem à Folha. O fato é que sou de um tempo em que, em qualquer confronto polícia x estudantes, os Dallaris do mundo estariam do lado dos estudantes.”

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Para Rossi, preconceito a favor é iluminação. Quer dizer que chegou ao ponto em que se abstém de pensar, senta no sofá, protege os protegidos de sempre e condena os suspeitos de sempre, como Louis, o policial corrupto de Casablanca? Quando o sujeito faz a prova da Fuvest, está, então, se candidatando não só ao curso gratuito, ao café da manhã, à refeição que custa, atenção!, R$ 1,90 (de excelente qualidade, com suco e sobremesa) e ao transporte interno gratuito, mas também à impunidade? Uma vez aprovado, a depender do grupo a que ele escolha pertencer, ou não é mais regido pela Constituição ou não é mais protegido por ela? E quem garante os direitos de quem quer estudar, de quem quer lecionar, de quem quer trabalhar?

Outra vaca sagrada do jornalismo. Elio Gaspari, dá sua contribuição ao equívoco evocando questões de anteontem. Escreve hoje em sua coluna no Globo e na Folha a seguinte notinha:

“O governador José Serra e seus sábios tucanos, bem como a reitora da USP, Suely Vilela, deveriam conversar com o professor Aloisio Teixeira, reitor da UFRJ. Ele recebeu uma universidade conflagrada, pacificou professores e estudantes e deixou a polícia de fora.
Serra e a doutora Suely fazem o caminho oposto. Militarizam a controvérsia e jogam os moderados no colo dos aparelhos.”
Pode ser que haja na USP garotos (e professores) convencidos de que a democracia representativa é uma “máscara para acobertar a submissão do Brasil ao imperialismo”. É besteira, mas é besteira velha, dita em 1963 pelo governador que acionou a PM, quando assumiu a presidência da UNE.”

Se, em 2009, Serra não repete a besteira dita em 1963, então é sinal de que Serra evoluiu. Se, em 2009, Gaspari cobra coerência com a bobagem dita em 1963, então é sinal de que Gaspari regrediu. Em 2007, a reitora na USP não chamou a Polícia. O movimento foi num crescendo de provocação e violência, arrastando-se com sua pauta eivada de cretinismos e mentiras grotescas. Procurem nos arquivos. Acusava-se a tibieza do governo. Agora, tudo seguiu o trâmite do estado democrático e de direito. Parece que certo jornalismo prova sua independência ora criticando, ora elogiando Lula. No caso de Serra, só se é independente quando se critica. O PT deve concordar com esse critério e considerá-lo, de fato, muito justo.

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Observem que também Gaspari se abstém de comentar a pauta dos grevistas. “Garotos”? Que “garotos”? Aí já não se está mais no terreno da opinião apenas. O comandante da balbúrdia minoritária da USP chama-se Claudionor Brandão, que é quem é. Tentar simular um confronto entre “garotos” e “força militares” é trapacear com os fatos, largamente documentados. Ou um governo deve transigir com um grupo de fascistóides para que os “moderados” não se inflamem? Moderados, seu Gaspari, são os 79.500 estudantes que seguem estudando

É isso aí. A independência de certo jornalismo vale até mesmo uma aliança episódica, quem sabe estratégica (!?!?!?), com a Liga Estratégica Revolucionária…

Um fala com nostalgia de 1968, outro evoca 1963… Querem saber? Velho está certo jornalismo. Caducou de vez. Isso nada tem a ver com idade. Trata-se apenas de uma visão de mundo que tem um enorme passado e nenhum futuro. Dois medalhões da imprensa tornaram-se aliados objetivos de Claudionor Brandão e sua extensa ficha de serviços prestados à universidade e à civilização. E que se danem os fatos, ainda o primeiro compromisso de um jornalista.

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