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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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O REI DO TÁRTARO DÁ O AR DE SUA GRAÇA E RESOLVE MORDER O CALCANHAR DE GILMAR MENDES. OU: REVELANDO A ALMA GOLPISTA

Ontem, num encontro do PC do B, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar restrições impostas pela Justiça Eleitoral, afirmou: “Não podemos ficar subordinados a um juiz”. E defendeu que se faça uma reforma política. Pois bem: como Lula é chefe de um Poder, o Executivo, e como um juiz pertence ao Judiciário, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 15h34 - Publicado em 9 abr 2010, 18h46

Ontem, num encontro do PC do B, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar restrições impostas pela Justiça Eleitoral, afirmou: “Não podemos ficar subordinados a um juiz”. E defendeu que se faça uma reforma política. Pois bem: como Lula é chefe de um Poder, o Executivo, e como um juiz pertence ao Judiciário, que também tem um chefe, o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, fez um comentário absolutamente pertinente, correto e cabível à sua função: “Todos nós estamos subordinados à lei e à Constituição”. Que coisa agressiva, não é mesmo?

Mas foi o que bastou! Lula mobilizou o seu Cérbero para pegar no calcanhar de Gilmar Mendes. Afirmou o Top Top hoje, com aquela elegância argumentativa muito característica:
“Olha se fosse criar aresta, as declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal já teriam criado muito mais arestas. O presidente do Supremo Tribunal Federal deveria talvez falar mais nos autos e menos nos microfones. Um presidente da Corte Suprema deve falar mais nos autos. Essa é a boa tradição jurídica brasileira. Não é se preservar, é preservar o Supremo”.

Trata-se de uma fala boçal. Mendes não está se pronunciando sobre nenhuma causa em julgamento no Supremo. Está se referindo a uma questão que é de natureza institucional. Cumpre, pois, o seu papel. Nada além disso. E falou de presidente de Poder para presidente de Poder. Garcia, sim, não é coisa nenhuma. Se há alguém que entrará para a história como símbolo de um aspone cheio de empáfia, esse alguém é o Top Top.

Alguns leitores observaram: “Pô, Reinaldo, Lula até que tem razão. Uma reforma política, eleitoral também, é mesmo necessária. De fato, os juízes apitam demais…” Pois é.

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Em primeiro lugar, indaga-se por que, então, não encaminhou uma reforma para valer, já que tem uma base gigantesca no Congresso? Empenho, de verdade, nunca houve. Mas isso é rigorosamente o de menos.

Não há reforma política, e eleitoral!, possível que vá permitir o que Lula andou fazendo nos últimos tempos em defesa de sua candidata à Presidência da República. Amanhã, para rivalizar com o evento do PSDB de Brasília, que oficializa José Serra como pré-candidato do partido à Presidência, o presidente mobilizou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e as  centrais  sindicais, que recebem dinheiro público, para, na prática, um ato em apoio à candidatura do PT. Que reforma apoiaria o que é, vênia máxima, uma sem-vergonhice como essa? Nenhuma! Ninguém consegue ser tão descarado ao legislar.

A crítica de Lula aos “juízes” não é fortuito. Esse é o presidente que mandou o TCU e suas restrições à lisura nas obras públicas às favas. Para ele, o tribunal é um fator que atrasa o país. Com igual desenvoltura, ele pode  atacar o Ministério Público e as leis ambientais se considerar que eles atrapalham os seus planos. Mas também pode ser seu aliado se isso for ruim para seus adversários.

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Um político qualquer, contumaz respeitador das leis, que afirmasse ser necessária uma reforma política e eleitoral para que as eleições não ficassem na dependência de resoluções do TSE estaria dizendo a coisa certa. Quando a fala sai da boca de quem não reconhece limites legais à sua ação, contumaz também ele, mas no desrespeito aos limites legais, aí o que se diz tem outro peso. Pior: este mesmo político, multado duas vezes pelo TSE, faz chacota do tribunal em cena aberta.

Voltemos ao Top Top. Como, no seu caso, uma única bobagem não está à altura do seu potencial, ele soltou uma outra:
“Ele disse que tem que fazer uma reforma política no país. Qualquer pessoa que olhe para a fragilidade das instituições brasileiras acha isso e sabe que tem que fazer uma reforma política, ou vocês acham que o sistema eleitoral brasileiro está bom? Ou vocês acham que a tardança da Justiça tá bom (sic)? Não é um problema da Justiça brasileira, é um problema do desenho institucional do país que tem que ser corrigido”.

Qual é a fragilidade das instituições brasileiras? Marco Aurélio deveria nos dizer. De qual “tardança” ele fala exatamente? Ele está anunciando que Dilma Rousseff tem um plano secreto para mudar o “desenho institucional” do país? Seria aquele magnificamente consolidado no Plano  Nacional-Socialista dos Direitos Humanos?

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Apesar dos horrores, o pior desses caras não está no que dizem, mas no que silenciam. Se formos perscrutar cada uma de suas palavras, encontra-se, no fundo, uma alma golpista.

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