Por Adriana Fernandes, Karla Mendes, Lu Aiko Otta e João Domingos, no Estadão:
Oficializada na quinta-feira pelo conselho de administração, a saída de Roger Agnelli da presidência da Vale foi comemorada no Palácio do Planalto e no Ministério da Fazenda. O saldo final da disputa em torno do comando da mineradora revela que Agnelli, 51 anos, vai sair depois de um desgaste político sem precedentes imposto pelo governo.
Sai porque defendeu a empresa das ingerências partidárias, sai porque não teve “jogo de cintura” – como admitem até seus aliados -, mas sai sem que essas sejam as verdadeiras razões de sua queda.
Na semana passada, a reportagem do Estado ouviu dois diretores da Vale e um ex-funcionário, três ministros, quatro parlamentares e dois advogados do sistema financeiro. Em comum, todos mantêm relacionamento direto com a mineradora e todos são ou foram (nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) intermediários de conversações e negociações da empresa com o governo.
O estoque de trombadas políticas entre Agnelli e o Planalto é significativo, mas a síntese que melhor explica a queda do executivo é esta: os interesses empresariais do Bradesco, a partir da crise de 2008 e da parceria com o Banco do Brasil, definiram o destino de Agnelli.
“Genuinamente, o Bradesco não queria a saída de Agnelli, mas pesaram os interesses empresariais (do banco) e, então, ele topou”, resumiu um executivo da Vale que pediu, assim como as demais fontes ouvidas, para não ser identificado.
Após essa mudança de posição do Bradesco, o governo passou a reclamar em público, e num tom cada vez mais agressivo, da gestão Agnelli. Procurado pela reportagem, o Bradesco afirmou: “O Bradesco declara que são improcedentes todas as ilações colocadas”. Aqui