Poderia aproveitar para revogar o Manifesto de Fundação, de 10 de fevereiro de 1980: “O PT pretende ser uma real expressão política de todos os explorados pelo sistema capitalista. Somos um Partido dos Trabalhadores, não um partido para iludir os trabalhadores. Queremos a política como atividade própria das massas que desejam participar, legal e legitimamente, de todas as decisões da sociedade.”
Também esqueceria que um dia escreveu o texto “O Socialismo Petista”, uma estrovenga de 1990 onde se lê: “Esse compromisso de raiz com a democracia nos fez igualmente anticapitalistas – assim como a opção anticapitalista qualificou de modo inequívoco nossa luta democrática. Um dos estímulos mais poderosos a nossa organização, como partido político dotado de um projeto alternativo de governo e de poder, foi a descoberta (para a maioria dos petistas, antes empírica que teórica) da perversidade estrutural do capitalismo. Fomos, e seguimos sendo, resposta indignada ao sofrimento desnecessário de milhões, conseqüência lógica da barbárie capitalista.” Isso tudo, claro, era antes de Olavo Setúbal demonstrar satisfação com o “conservadorismo” de Lula.
Bobajada
Ops! Calma lá, leitor amigo. Não estou, como faz Clóvis Rossi às vezes, afirmando que eles um dia foram puros e depois se perderam. Sempre houve dolo ideológico nessa conversa toda. Sempre foi um projeto de poder. Desde o começo, como se vê, o PT se comportava como um chupa-cabra das lutas democráticas, que privatizou, como se fossem suas. Vejam o que se diz ali sobre Getúlio Vargas, até que chegassem os dias de hoje, quando o Babalorixá diz que “nunca se fez tanto pelo trabalhador desde Getúlio”.
Quando sugiro que o PT hackeie a própria história não é porque eu veja um contraste entre o “antes” e o “agora”. Não! Vejo ali a semente do projeto autoritário que aí está. A história denuncia essa gente. Nenhum hacker fará tanto mal ao PT como a verdade.