Ministério da Saúde: mistificação com grife
(Leiam primeiro o post abaixo) Como é? O governo federal chamou a equipe do empresário Jorge Gerdau para remodelar a Funasa e a Anvisa? Huuummm… Eis um governo, digamos, “friendly” com a iniciativa privada, não é mesmo? Os petistas, quem diria?, agora estão interessados nos padrões de eficiência da iniciativa privada, embora, a gente saiba, […]
(Leiam primeiro o post abaixo)
Como é? O governo federal chamou a equipe do empresário Jorge Gerdau para remodelar a Funasa e a Anvisa? Huuummm… Eis um governo, digamos, “friendly” com a iniciativa privada, não é mesmo? Os petistas, quem diria?, agora estão interessados nos padrões de eficiência da iniciativa privada, embora, a gente saiba, em campanha eleitoral, eles possam se mostrar estatistas ferozes. Opppsss! Não se enganem comigo, não! Não estou acusando uma contradição no pensamento do PT. Os petistas podem ser tão estatistas como privatistas, com igual convicção e fúria. Tudo depende da necessidade da hora. Chamar os “universitários” de um dos grupos mais competitivos do país para “remodelar” áreas do Ministério da Saúde é mesmo um golpe de marketing e tanto! De saída, serviria para calar a voz dos críticos.
Pois é… Eu, que privatizaria até escolinha de Jardim da Infância, não me calo, não! Se não eu, quem vai criticar essa gente, não é mesmo? Ok, há mais uns dois ou três. Nas empresas de Gerdau, suponho que as pessoas sejam nomeadas segundo a sua competência e que aqueles que não cumprem o combinado são simplesmente demitidos. Vai funcionar assim? A conversa de que o estado pode funcionar segundo critérios da iniciativa privada é conversa mole para boi dormir, que serve para engabelar liberais de manual. São enfermarias diferentes. Nas duas esferas se deve cobrar competência, mas os critérios de avaliação não são os mesmos.
Comecemos pelo óbvio: o que havia de errado com o decreto de 2000, de FHC, que, na prática, proibia o aparelhamento e o loteamento político da Funasa? Nada! Ele estava certíssimo! Quem permitiu o aparelhamento foi um outro decreto, de Lula, com a chancela de Humberto Costa, então ministro da Saúde e futuro líder do PT no Senado. Ora, não há Gerdau nenhum que consiga dar jeito nisso, não é mesmo? A menos que o trabalho de seus universitários consista em treinar a turma que aparelha a fundação.
Esse é o tipo de iniciativa que tem o fito único de dar a impressão de que uma verdadeira revolução está em curso na Saúde. Não está, não! Por enquanto, o que se tem é uma luta de foice no escuro entre petistas e peemedebistas, que loteiam o Ministério.
Para encerrar
Na reportagem abaixo, há um trecho realmente espetacular para um amante da lógica. Releiam:
“Desde que assumiu, o ministro [Alexandre Padilha] despacha semanalmente no prédio da Funasa. Nesse período, afirmou, foram analisados e liberados R$ 79 milhões para convênios, que estavam pendentes. Quantia, segundo ele, equivalente a 12% do que foi executado em 2010. A Funasa teria ainda um papel fundamental, de acordo com Padilha, na execução do PAC 2 e no plano de erradicação da miséria.”
Bem, deixo pra lá a cascata da erradicação da miséria. Tudo a seu tempo. Peço que vocês atentem para o fato de que o ministro parece se orgulhar de ter liberado em 19 dias o equivalente 12% do que foi executado no ano passado? É mesmo? Das duas uma: ou as liberações de agora estão sendo feitas de modo irresponsável ou o governo passado, que já era o governo presente, foi notavelmente incompetente.