Minha coluna na Folha: “Pega Lula, salva Dilma”
Resta evidente que há "spin doctors" a serviço do Palácio operando para que Lula, o totem do PT, seja agora rebaixado à condição do bode expiatório. O PT percebeu e organiza o contra-ataque
Leiam trecho:
A única coisa sensata que Dilma Rousseff tem a fazer, do seu ponto de vista, é torcer pela desgraça de Lula. É sua chance de sobreviver, ainda que remota. É claro que ela sabe disso, embora seja obrigada a tolerar no Palácio do Planalto tipos como Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), que buscam atrelar a sorte do seu mandato ao destino do ex-presidente.
Dilma é uma péssima gestora –e os próprios petistas, de todos os matizes, o admitem sem cerimônia– e uma articuladora sofrível. Se “a política como a arte do possível” é adágio que pode abrir a senda para o conformismo, o inconformismo de Dilma transforma o impossível numa meta sempre a ser dobrada. O resultado são desastres em série. Mas, obviamente, estúpida ela não é. A esta altura, já percebeu que não há mais salvação para Lula.
Ainda que ele não venha a ser atropelado tão cedo pela lei, tendo até de visitar, quem sabe?, o xilindró, é claro que está acabado. Duas ou três vezes eu o chamei nesta coluna, citando um poeta, de “cadáver adiado que procria”. Pois o adiamento deu lugar à precocidade. Lula morreu mais depressa do que supunham seus adversários e seus fiéis.
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Resta evidente que há “spin doctors” a serviço do Palácio operando para que Lula, o totem do PT, seja agora rebaixado à condição do bode expiatório. O PT percebeu e organiza o contra-ataque. A campanha ridícula que o partido tenta emplacar –”somos todos Lula”– busca apelar à velha solidariedade das esquerdas, tentando arrastar também o governo em defesa daquele que não tem salvação.
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