Mercadante e os aloprados 1: irrevogavelmente irredimível!
O governo já armou uma operação na Câmara para tentar blindar o ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), acusado por Expedito Veloso, um dos aloprados graduados naquela tramóia de 2006, de ser um dos mandantes da lambança. Mais do que isso: ele integraria o grupo encarregado de arrumar o dinheiro para pagar os bandidos encarregados […]
O governo já armou uma operação na Câmara para tentar blindar o ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), acusado por Expedito Veloso, um dos aloprados graduados naquela tramóia de 2006, de ser um dos mandantes da lambança. Mais do que isso: ele integraria o grupo encarregado de arrumar o dinheiro para pagar os bandidos encarregados de fazer o dossiê contra o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra. Quatro anos depois, como vimos, outros aloprados tentaram fazer outro dossiê contra o tucano. Petistas são viciados em ilegalidades; é o ar que respiram; é o que lhes confere identidade. Mas sempre o fazem em benefício do país, claro, claro…
A VEJA teve acesso a uma gravação em que Veloso conta tudo a seus colegas de partido, numa reunião “informal”. Em entrevista à revista, ele confirmou o conteúdo e disse que estava cumprindo uma “missão política”. A reportagem, de seis páginas, está na edição desta semana. Um dos comandantes de tão nobre missão — ATRIBUIR AO ADVERSÁRIO UM CRIME QUE ELE NÃO COMETEU PARA TENTAR VIRAR O RESULTADO DE UMA ELEIÇÃO —, diz Veloso, era… Mercadante!
O agora ministro já emitiu nota, já falou a respeito e usa em seu favor a anulação do seu indiciamento pelo Supremo Tribunal Federal. Curioso que sou, decidi ler o acórdão do Supremo que trata do caso. O indiciamento foi anulado por violação de prerrogativa de foro. Senador que era, só poderia ser processado pelo tribunal.
Embora a dinheirama da bandidagem tenha sido levada ao hotel Ibis por Hamilton Lacerda, seu braço-direito — e o bom senso desconfia de que Lacerda agisse ao arrepio de seu chefe, principal beneficiário da tramóia se ela tivesse dado certo —, a presunção de inocência exige que uma ação penal só tenha início diante de um elemento probatório ou de um indício muito evidente. E o inquérito da Polícia Federal não conseguiu apresentá-los.
Tudo isso aconteceu antes da confissão de Expedito Veloso. Não sei se outra teria sido a decisão dos ministros do Supremo se já contassem com a confissão de Veloso. O fato é que o tribunal NÃO INOCENTOU MERCADANTE COISA NENHUMA! Isso é uma distorção da verdade. Anulou o indiciamento feito pela PF — porque só o STF poderia fazê-lo — e decidiu ele próprio não indiciar porque não viu a apresentação de uma prova. Em suma: Mercadante não poderia ter sido inocentado porque, de fato, não foi investigado.
Em seu estilo habitualmente valentão, o ministro disse que irá à Câmara se for convocado. Os petistas, no entanto, já armaram o circo para derrubar todas as convocações e dizem que não vão permitir “a exploração política do caso”. Heeeiiinnn??? Uma verdadeira quadrilha se junta para incriminar um inocente e, assim, tentar vencer uma eleição que era dada por perdida, e os petistas dizem que não permitirão a “exploração política” do caso?
O destino da turma toda que participou da tramóia revela o grau de envolvimento do partido. Ninguém menos do que o então presidente do PT, Ricardo Berzoini, conhecia a operação. Todas as pessoas envolvidas continuam na legenda — inclusive Expedito Veloso, hoje subsecretário no governo petista do Distrito Federal. Lacerda, o assessor de Mercadante — aquele que teria atuado sem o conhecimento do chefe — está de volta à militância e já pensa em se candidatar.
O petismo desafia toda lógica convencional. Diante da evidência de que Expedito Veloso disse o que disse, confirmando o conteúdo da gravação em entrevista à VEJA, o comando do PT não se ocupou nem mesmo em negar a acusação. Simplesmente decretou o silêncio obsequioso. Veloso agora está proibido de falar.
É assim que Mercadante diz querer chegar à verdade. Nao tem jeito: é irrevogavelmente irredimível!