A estar correto o relatório da Polícia Federal, o que impressiona é o ecumenismo. Se vocês abrirem o documento, nas páginas 14 e 15, encontra-se a relação dos candidatos (159) e dos partidos (17) que teriam recebido recursos do grupo. Estampar a imagem do governador Aécio Neves como “envolvido” (palavra amplíssima) no esquema criminoso é forçar a barra. O nome dele nem sequer é citado pelo delegado Zampronha. Está entre os 14 candidatos tucanos que teriam recebido recursos para a campanha: no caso, R$ 110 mil (página 14). Ao todo, 14 candidatos a deputado do PSDB teriam distribuído entre si R$ 647 mil. Outros R$ 75 mil teriam sido divididos entre o PSDB e o PSN. O interessante é que, VEJAM SÓ, OS PETISTAS RECEBERAM AINDA MAIS: 35 pessoas ficaram com R$ 880 mil. Os campeões, no partido de Lula, são Roberto Carvalho (R$ 200 mil), Chico Ferramenta (R$ 145,5 mil), Virgílio Guimarães (R$ 50 mil), Paulo Delgado (R$ 50 mil) e Maria do Carmo (50 mil). Guimarães, dizem os petistas, foi quem apresentou Marcos Valério ao alto comando do partido.
A Polícia Federal sustenta que o esquema criminoso montado por Mares Guia, com o conhecimento de Eduardo Azeredo e operado pelas empresas de Marcos Valério, trabalhava com recursos ilegais, parte deles dinheiro público, para financiar a campanha. Se o dinheiro saiu mesmo do caixa centralizado e foi para a campanha, isso não quer dizer que os 17 partidos e os 159 candidatos soubessem de alguma tramóia. Abaixo, seguem os valores dos repasses segundo a PF, totalizando R$ 10.814.967,40. Observem uma estranha rubrica chamada “sindicatos”:
OUTRO DEPUTADOS – 3.962.952,40
PFL – 1.364.900
PTB – 1.153.750
PT – 880.000
PPB – 720.000
PSDB – 647.000
PSD – 603.200
PRN – 325.000
PSN – 360.000
PMDB – 200.000
PL – 93.965
PSB – 90.000
PSDB-PSN – 75.000
PPS – 60 mil
PSL – 56.8000
PDT – 42.000
PSC – 30.000
PST – 15.000
PMN- 6.860
SINDICATOS – 113.600