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GUERRA SUJA – PT quer radicalizar? É? Junte-se, então, aos aloprados da Secom, e todos contribuirão para abreviar o mandato de Dilma

A cada ano, a cada dia do ano, a cada hora do dia em que passou na oposição, o PT se dedicou não a opor-se ao governo de turno, mas a sabotá-lo. Não importava a proposta que estivesse em votação, boa ou má, o partido era contra e mobilizava as suas bases para marcar posição. Afinal, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 01h50 - Publicado em 18 mar 2015, 16h21
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  • A cada ano, a cada dia do ano, a cada hora do dia em que passou na oposição, o PT se dedicou não a opor-se ao governo de turno, mas a sabotá-lo. Não importava a proposta que estivesse em votação, boa ou má, o partido era contra e mobilizava as suas bases para marcar posição. Afinal, a lógica da diferenciação ajudava a construir a legenda. Seria preciso citar o “não” às reformas? O “não” às privatizações? O “não” à abertura da economia ao capital externo? O “não” à Lei de Responsabilidade Fiscal? Como esquecer, Deus do céu!, o “não” dito à Constituição e ao Colégio Eleitoral quando aquela era a única saída? Se todos os partidos tivessem feito, então, como o PT, o resultado teria sido um golpe de estado.

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    No poder, a tática haveria de mudar. Desde 2003, o partido demoniza sistematicamente a oposição, transforma seus adversários em inimigos da pátria, evoca heranças malditas que nunca houve, acusa-os de acalentar projetos que não têm ou nunca tiveram (privatização da Petrobras, por exemplo), esmaga os que divergem nas redes sociais e apela à rede suja da subimprensa para atacar juízes, ministros do Supremo, jornalistas não alinhados com o poder e a imprensa independente.

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    Mas eis que, ao cabo de 12 anos de poder, já avançando no 13º, tem-se um balanço de tanta sapiência: inflação na casa dos 8%, recessão que já beira -1% (e que será maior do que isso), juros a 12,75%, baixo investimento, emprego em queda e, compondo o caldo de cultura da crise, evidências de corrupção como jamais se viram. E não adianta buscar paralelos na história. Entre a incúria e a safadeza, a Petrobras está quebrada.

    Certo de que tinha o povo na mão, certo de que detinha o monopólio da representação, certo de que se pode enganar quase todo mundo o tempo todo, o partido demorou um pouco para reagir, enquanto a espuma de sua agressiva publicidade ia se desfazendo. A popularidade de Dilma está no chão, segundo o Datafolha e segundo os levantamentos do próprio governo. Milhões saem às ruas para protestar.

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    E o PT faz o quê? Acusa um golpismo que não existe nem nunca existiu, ataca moralmente os manifestantes, chama-os a todos de “elite branca”, provoca, tripudia, sataniza, discrimina, agride. O resultado de tal escolha se mede em panelaços. E a gente descobre que os feiticeiros ainda não esgotaram seu caldeirão de maldades.

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    Da Secom, a Secretaria de Comunicação da Presidência, vaza um plano de mídia para enfrentar a crise eivado de ilegalidades escancaradas: o governo admite que municia — quanto custa? — os tais blogs sujos com “balas” que são disparadas pelo que se chama lá de “soldados de fora”. Vale dizer: o dinheiro do estado está sendo usado para fazer política partidária e para a difamação daqueles que são vistos como adversários. Admite que vai casar a publicidade federal com a figura do prefeito Fernando Haddad para “levantar a sua popularidade”, o que  agride frontalmente a Constituição. Planeja centralizar, como está lá, a serviço do poder, o que chama de “comunicação estatal” e submeter a Voz do Brasil e a Agência Brasil aos interesses do governo de turno.

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    Só isso? Não! A cúpula do PT se reúne, decide que vai investir pesado na Internet — e a gente sabe como o petismo atua na rede — e avisa que vai “radicalizar”, seja lá o que isso signifique. Há dias, Lula convidou o MST a pôr o seu exército na rua. O país vive uma das mais graves crises políticas de sua história, e parece que a presidente Dilma não conta com um só bombeiro eficiente à sua volta. Ao contrário: os que vêm a público, os que se manifestam, os que falam, todos preferem investir no confronto, na intimidação, na violência retórica — por enquanto ao menos. Começam errando ao atribuir à oposição a organização do descontentamento, como faz o documento da Secom.

    Aliás, o texto vazado da Secretaria é uma espécie de “Plano Cohen” às avessas. Denuncia a existência de um fantasioso complô para conseguir licenças especiais. Quem quer que o tenha redigido não está em busca de resolver a crise, mas de aumentar o seu próprio poder no governo. Pretende ter uma vista mais aguda do que os outros para que possa ocupar mais espaço.

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    Já escrevi aqui e já disse em toda parte: o risco da radicalização, da violência, do confronto, não parte das ruas que vestem verde e amarelo, mas de um governo acuado, pressionado por um partido de aloprados, instigado por mentalidades estreitas, que só entendem a linguagem do confronto, que era eficiente quando estavam por cima. Agora, acuados, podem se tornar também violentos.

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    A única chance de Dilma minorar a crise — e o que vou dizer nada tem a ver com a possibilidade de ela ir ou ficar; esse é outro departamento — é diminuir o protagonismo do PT, exigir que o partido sirva ao governo, em vez de se servir dele; buscar um entendimento com o PMDB e, dentro do governo, as lideranças desse partido para que dialoguem com a sociedade. Isso salva mandato? Pensar tal solução não é tarefa minha. Essa, sim, deveria ser a agenda “deles”, em vez de se entregar à alopragem.

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    Os petistas e alguns que se querem especialistas em opinião pública estão, reitero, empurrando Dilma para a beira do abismo. No fundo, isso tem nome: ódio à democracia. E a prova é evidente. As manifestações do dia 13, orquestradas pelo PT e pela CUT, regadas a R$ 35 por cabeça, foram saudadas, ainda que malsucedidas, como evidência do Brasil democrático. As do dia 15, que reuniram dois milhões, foram, segundo os gênios, expressão do golpismo.

    Eis o PT: o povo que está com eles é o portador da verdade; o que está contra precisa ser enfrentado numa guerra suja. Acreditem: esse é o caminho mais curto para Dilma.

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