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Reinaldo Azevedo

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Direito à mentira e à mistificação

Lula participou da solenidade de lançamento do livro Direito à Memória e à Verdade, que trata das chamadas “vítimas” da ditadura militar. Ora, numa ocasião em que se celebram essas duas coisas, nada melhor do que fazer a apologia da mentira e da mistificação. Vamos ver. Disse o Apedeuta: “Eles [oposicionistas] tentaram me atingir, e […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h13 - Publicado em 29 ago 2007, 21h15
Lula participou da solenidade de lançamento do livro Direito à Memória e à Verdade, que trata das chamadas “vítimas” da ditadura militar. Ora, numa ocasião em que se celebram essas duas coisas, nada melhor do que fazer a apologia da mentira e da mistificação. Vamos ver.

Disse o Apedeuta: “Eles [oposicionistas] tentaram me atingir, e 61% do povo deu a resposta na eleição do ano passado. Eles sabem perfeitamente bem o que é o processo”.

Quis dizer com isso exatamente o quê? O que o processo do STF tem a ver com as oposições? Rigorosamente nada. Mais: elas não tentaram “atingi-lo”. Tentaram ganhar a eleição, o que, por incrível que pareça, é legítimo numa democracia. Se os oposicionistas podem ser acusados de alguma coisa, e podem, é de terem protegido este senhor. Quando Duda Mendonça confessou que recebeu dinheiro ilegal, no exterior, para fazer a campanha presidencial, Lula merecia era um processo de impeachment. As oposições cometeram um erro brutal e recuaram. A melhor evidência disso é que o publicitário está sendo processado por evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Pode não ser evidente, mas Lula está tentando desautorizar o julgamento do STF, colocando-o como mais uma peça da conspiração contra o seu governo. A besteira parou por aí? Não. Foi adiante:

“Ao mesmo tempo que fico assistindo sem poder dar palpite nas decisões do Supremo — e tem sido uma prática minha — o que aconteceu é uma demonstração de que no Brasil as instituições estão funcionando, que a democracia é sólida”.

Santo Deus! Fica parecendo que, num gesto de nobre concessão, ele decidiu não interferir no julgamento do Supremo, mas poderia, se quisesse, fazê-lo. A menos que fosse um ditador, não poderia não, ainda que quisesse. E prosseguiu.

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“Até agora ninguém foi inocentado e ninguém foi culpado. Agora começa o processo de cada advogado fazer a defesa de seu paciente. E o processo vai entrar na rotina normal”.

Rotina normal é vaca no pasto, avião no céu, governante governando. Se a vaca sobe em árvore, se o avião mata 199 e se o governo está no bancos dos réus, não é rotina normal — ainda que, vá la, no petismo, isso possa ser considerado um acidente de percurso. O presidente repete o discurso da entrevista ao Estadão. Ele se nega a dar um simples puxão de orelha nos companheiros. Nesta tarde, numa fala bem mais perigosa do que parece, Luiz Dulci, o secretário-geral da Presidência, já havia dito que o julgamento não atinge o governo — que foi referendado nas urnas. Escreverei depois um texto mais alentado a respeito. Isso demonstra o apreço que essa gente tem pela democracia. Pensa que urna é lavanderia de reputações.

Quanto a advogados terem “pacientes” e não “clientes”, Lula acerta no seu erro. Estamos mesmo falando de pessoas doentes.

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