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Dilma usa o Palácio do Planalto como sede da conspiração contra a Constituição e o Supremo

Ao receber sedizentes juristas, presidente chama de “golpe” processo de impeachment, que é previsto na Carta, na lei e está ritualizado pelo STF. É o canto do cisne

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h12 - Publicado em 22 mar 2016, 17h22
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  • Infelizmente, a presidente Dilma Rousseff segue fazendo tudo errado, qualquer que seja o critério com que se a avalie. Erra de um ponto de vista legal, técnico, objetivo. Erra também como ser político que tem interesses. Resolveu, de modo deliberado, atuar contra a Constituição e as leis, o que é ruim para todos. E, a cada dia com menos soldados, decidiu elevar o tom da retórica, o que é corriqueiro entre os que estão acuados. E o resultado é sempre contraproducente.

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    A presidente e seus conselheiros de meia-pataca, no desespero, decidiram transformar o Palácio do Planalto numa espécie de “bunker” da resistência. Nos seus delírios dos últimos dias, a “presidenta”, como exige que se a chame, deve olhar para si mesma como se fosse um Salvador Allende — espero que não se deixe fotografar de metralhadora na mão…

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    Ocorre que, do lado de fora do Palácio, não há tanques, não há baionetas, não há militantes golpistas, não há ninguém rasgando a Constituição. O Palácio do Planalto não é e não será o Palácio de La Moneda. Não mandaremos nem mesmo os corruptos para o Estádio Mané Garrincha, como se mandaram os adversários do presidente chileno deposto para o Estádio Nacional. Nós os levaremos aos tribunais. Segundo as leis.

    Hoje, a Constituição, continuamente rasgada ao longo desses mais de 13 anos, continua a ser vilipendiada é na sede do poder, transformado num palco de uma pantomima patética. E de novo nesta terça, quando sedizentes juristas foram emprestar a sua solidariedade à ainda presidente.

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    Vociferando a sua impotência, Dilma diz que não renuncia de jeito nenhum!

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    Que não renuncie! Será deposta pela Constituição.

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    Afrontando a Carta Magna, a Lei 1.079 e o Supremo, que definiu o rito do impeachment, disse a mandatária a uma plateia de acólitos:
    “Nesse caso não cabem meias-palavras. O que está em curso é um golpe contra a democracia. Eu jamais renunciarei”.

    O evento foi pomposamente batizado de “Encontro com Juristas pela Legalidade da Democracia”. Juristas? A maioria lá não tem uma miserável obra de referência, não escreveu um bendito livro. Aliás, essa mesma maioria não deve nem ter lido um livro em particular: a Constituição.

    O juiz Sergio Moro foi o alvo principal dos discursos furiosos, numa manobra que tem de primitivo o que tem de contraproducente. É contraproducente porque Moro é visto hoje, Brasil afora, como um herói por ter se identificado com a causa do combate à corrupção. Afrontá-lo com ofensas é uma burrice. E a coisa é primitiva, tolinha mesmo, porque eventuais exageros do juiz não servem para esconder os crimes cometidos.

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    Nova “Rede da Legalidade”
    Os farsantes resolveram levar longe a ignomínia. Decidiram criar uma tal “Rede da Legalidade”, numa alusão à pressão feita por lideranças próximas a João Goulart, em 1961, para que assumisse a Presidência com a renúncia de Jânio Quadros. Boa parte do establishment militar não aceitava a sua posse.

    A lembrança é infeliz até porque o desfecho é trágico. Goulart assumiu, mas com os poderes executivos transferidos a um primeiro-ministro. A solução durou pouco, e um plebiscito devolveu a Jango as prerrogativas presidenciais. Em 1964, veio o golpe.

    Pois é… Desta feita, a Rede da Legalidade não é aquela que nasce dos palácios, como em 1964. A Rede da Legalidade é a que está nas ruas.

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    Ilegais, hoje, são aqueles que usam um prédio público, como é o Palácio do Planalto, para chamar de golpistas a Constituição, a lei e o Supremo.

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    Dilma já se levantou contra uma ditadura em nome de outra ditadura. Agora, ela se levanta contra a democracia em nome de um governo desmoralizado, cercado de ladrões por todos os lados.

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