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Dilma, a Folha e a ficha

Vai ser um alarido dos diabos. Leiam o que vai na Folha. Volto depois: A Folha cometeu dois erros na edição do dia 5 de abril, ao publicar a reprodução de uma ficha criminal relatando a participação da hoje ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no planejamento ou na execução de ações armadas contra a ditadura […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 18h46 - Publicado em 25 abr 2009, 06h11
Vai ser um alarido dos diabos. Leiam o que vai na Folha. Volto depois:

A Folha cometeu dois erros na edição do dia 5 de abril, ao publicar a reprodução de uma ficha criminal relatando a participação da hoje ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no planejamento ou na execução de ações armadas contra a ditadura militar (1964-85).O primeiro erro foi afirmar na Primeira Página que a origem da ficha era o “arquivo [do] Dops”. Na verdade, o jornal recebeu a imagem por e-mail. O segundo erro foi tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada -bem como não pode ser descartada.A ficha datilografada em papel em tom amarelo foi publicada na íntegra na página A10 e em parte na Primeira Página, acompanhada de texto intitulado “Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto”.Internamente, foi editada junto com entrevista da ministra sobre sua militância na juventude. Sob a imagem, uma legenda ressaltou a incorreção dos crimes relacionados: “Ficha de Dilma após ser presa com crimes atribuídos a ela, mas que ela não cometeu”.O foco da reportagem não era a ficha, mas o plano de sequestro em 1969 do então ministro Delfim Netto (Fazenda) pela organização guerrilheira à qual a ministra pertencia, a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Ela afirma que desconhecia o plano.Em carta enviada ao ombudsman da Folha anteontem, Dilma escreve: “Apesar da minha negativa durante a entrevista telefônica de 30 de março (…) a matéria publicada tinha como título de capa “Grupo de Dilma planejou sequestro do Delfim”. O título, que não levou em consideração a minha veemente negativa, tem características de “factóide”, uma vez que o fato, que teria se dado há 40 anos, simplesmente não ocorreu. Tal procedimento não parece ser o padrão da Folha.”A reportagem da Folha se baseou em entrevista gravada de Antonio Roberto Espinosa, ex-dirigente da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e da VAR-Palmares, que assumiu ter coordenado o plano do sequestro do ex-ministro e dito que a direção da organização tinha conhecimento dele.Três dias depois da publicação da reportagem, Dilma telefonou à Folha pedindo detalhes da ficha. Dizia desconfiar de que os arquivos oficiais da ditadura poderiam estar sendo manipulados ou falsificados.

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Comento
A petralhada virá em bando como sempre. Como sempre, vou ignorar a corrente. Não abrigo comentaristas profissionais, vocês sabem. Mas virão: “E agora, o que você vai dizer?” Como se eu tivesse de dizer alguma coisa. Mas digo. Digo o que já disse: a ficha, ainda que seja falsa, não muda a biografia de Dilma. Ela tem direito à verdade, sim. O país também. Como já afirmei aqui, eu sabia da existência dessa suposta ficha. Nunca a publiquei — antes de a própria Dilma se referir a ela — porque não consegui a prova de sua autenticidade. Reitero: viva a verdade! Não há provas de que a ficha exista. Viva a verdade! Dilma tem a biografia que tem. Na quarta-feira, já escrevi a respeito (íntegra aqui). Abaixo, seguem alguns trechos daquele texto:
*
Dilma Rousseff queria uma ditadura comunista no país de modelo soviético. Era essa a utopia do Colina (Comando de Libertação Nacional), que depois se fundiu à VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) parar formar a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares), um dos grupos terroristas mais virulentos que houve no país, com várias mortes e atentados nas costas — e, que se note, o grupo não via mal nenhum em matar gente sem qualquer ligação com a luta política. Afinal, eles queriam a “libertação nacional”, né?

Que importância tem isso? A importância que tem a verdade. Se o passado de Dilma não é definidor de suas escolhas presentes, então não precisa haver mentiras sobre a sua história.
– não, não queria democracia; queria ditadura comunista;
– não, não lutava “pela liberdade; lutava para implantar o socialismo;
– não, não foi presa por crime de opinião; foi presa porque pertencia a um grupo que praticou uma série de atentados, com várias mortes.
O fato de que se opunha a uma ditadura não quer dizer que fizesse as melhores escolhas. Nem tudo o que não era a ditadura militar prestava. Nem todos os métodos empregados para derrubá-la eram bons. Até porque a opção de muitas correntes da extrema esquerda pela luta armada antecede o golpe militar de 1964 e, evidentemente, o recrudescimento do regime, em 1968. Inventou-se a falácia, desmentida pelos fatos, de que não teria havido guerrilha e terrorismo sem a decretação do AI-5. Mentira. Mentira das mais grotescas.
(…)
E já que a gente tem de dizer tudo sem medo de aborrecer, então vamos lá. Se a VAR-Palmares, de Dilma Rousseff, tivesse chegado ao poder, vocês acham que os mortos estariam mais para os 424 da ditadura brasileira ou para os 100 mil da cubana? Sempre lembrando que, na mesma proporção da ilha, os mortos brasileiros, sob o regime dos comunas, poderiam chegar a 1,5 milhão de pessoas. É matemática, não é ideologia.


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