Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
A CPI da Petrobras corre o risco de ser encerrada sem um relatório final, após o esvaziamento da reunião marcada para a noite desta quarta-feira. Boa parte dos governistas se ausentou da sessão agendada para as 21 horas. Eles tinham uma desculpa: o fato de o plenário do Senado prosseguir em sessão deliberativa. Um novo encontro foi marcado para as 10 horas desta quinta-feira. Se não houver quórum, dificilmente a CPI será concluída com um relatório final, já que o Congresso entra em recesso parlamentar na terça-feira. Em 1º de fevereiro, terá início uma nova legislatura, e por isso a CPI teria de ser recriada.
A oposição se mobilizou para abrir a reunião da CPI mesmo sem a presença do presidente, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) e do vice-presidente, o senador Gim Argello (PTB-DF). Os parlamentares presentes optaram por iniciar os trabalhos sob a presidência de José Carlos Araújo (PSD-BA), que era o mais idoso entre os presentes. O argumento para abrir a sessão era o de que, como o plenário estava em sessão extraordinária, não seria preciso aguardar o fim das votações para iniciar a CPI. A justificação foi rebatida pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo ele, a reunião presidida por Araújo não tinha nenhum efeito concreto. De qualquer forma, não havia o quórum mínimo necessário para que a CPI pudesse deliberar. Assim, a reunião “clandestina” foi encerrada.
O texto sugerido pelo relator da CPI, o deputado Marco Maia (PT-RS), pede 52 indiciamentos e admite irregularidades na estatal, apesar de fazer uso de atenuantes. Já o relatório alternativo da oposição indicia 61 pessoas, entre elas a presidente Graça Foster, e pede uma investigação sobre o papel da presidente Dilma Rousseff nos desvios.
Maia assegura que o texto da CPI será votado nesta quinta: “É uma interpretação do presidente do Senado, Renan Calheiros, que disse não ser possível a votação na comissão enquanto estiver aberta a ordem do dia no Plenário. Por isso os parlamentares da base nem vieram”, afirmou. Já o tucano Carlos Sampaio (PSDB-SP) acredita em manobra: “É evidente que houve manobra do governo, que nunca apostou nessa comissão. Os regimentos são claros. Se a sessão do plenário do Senado for extraordinária, pode-se votar nas comissões”, disse ele.