Chávez tenta esconder seus fracassos
Por Ruth Costas, no Estadão: O governo da Venezuela está avaliando quais empresas colombianas podem ser expropriadas. O anúncio foi feito ontem pelo vice-presidente venezuelano, Ramón Carrizález, um dia depois de o presidente Hugo Chávez congelar as relações diplomáticas e econômicas com a Colômbia. Carrizález confirmou que haverá uma revisão dos acordos comerciais entre os […]
Por Ruth Costas, no Estadão:
O governo da Venezuela está avaliando quais empresas colombianas podem ser expropriadas. O anúncio foi feito ontem pelo vice-presidente venezuelano, Ramón Carrizález, um dia depois de o presidente Hugo Chávez congelar as relações diplomáticas e econômicas com a Colômbia. Carrizález confirmou que haverá uma revisão dos acordos comerciais entre os dois países e a Venezuela buscará outros fornecedores, mas disse que as fronteiras não serão fechadas.
O congelamento das relações foi uma retaliação de Chávez por Bogotá ter pedido explicações públicas, na véspera, pelo fato de armas compradas pela Venezuela da Suécia em 1988 terem sido encontradas com o grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Ontem, Bogotá justificou-se dizendo que pediu a Caracas diversas vezes para controlar o acesso da guerrilha às armas, mas não obteve resposta.
A crise explode num momento em que as relações Colômbia-Equador também estão tensas – no dia 17 foi divulgado um vídeo no qual um guerrilheiro afirmaria que as Farc ajudaram a financiar a campanha eleitoral do presidente equatoriano, Rafael Correa. Como forma de mostrar sua isenção, o governo de Correa enviou à Organização dos Estados Americanos (OEA), para sua investigação, um suposto diário de Raúl Reyes, chefe das Farc morto em 2008, que envolve ex-funcionários equatorianos com a guerrilha. O manuscrito menciona três nomes que não fizeram parte do governo Correa e acusa o líder equatoriano de traição.
“O que realmente incomoda Caracas e Quito não são as acusações sobre as laços com as Farc, mas o acordo militar que a Colômbia está negociando com os EUA e permitirá o uso de bases em seu território”, disse ao Estado o colombiano Gabriel Murillo, da Universidade dos Andes. Na semana passada, Chávez ordenou a revisão das relações com a Colômbia por causa desse acordo.
Para o venezuelano Carlos Romero, cientista político da Universidade Central da Venezuela, Chávez viu na nova crise diplomática uma oportunidade de ofuscar o fracasso que representou para ele o golpe em Honduras e as dificuldades do presidente deposto, Manuel Zelaya, seu aliado, para voltar ao poder. Aqui