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Bolsonaro e Duvivier são dois “clowns” que existem para referendar a ignorância de seus respectivos públicos

A concepção de poder de ambos é fascista; num caso, fascismo de direita; no outro, de esquerda

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h57 - Publicado em 19 abr 2016, 17h32
Ele é o Bolsonaro da esquerda e também quer ditadura

Ele é o Bolsonaro da esquerda e também quer ditadura

E ele é o Gregório Duvivier da direita: mesmos métodos

E ele é o Gregório Duvivier da direita: mesmos métodos

Eu não tenho receio de patrulha, não! De nenhum tipo. Nem a dos petralhas nem a dos “bolsonarianos”, que resolveram fazer uma corrente para me demonizar. Gente que elogia torturador tem um encontro reservado com a lata do lixo da história. Assim como os terroristas. Como a gente vê, estes, também, cedo ou tarde, dizem a que vieram. Quando a conversão não é verdadeira, o que sobra é a hipocrisia.

Mandam-me um texto de um imbecil, segundo o qual eu quero ser “aceito pela esquerda”. Pobre idiota! Vá perguntar a um esquerdista de miolos com quem ele aceita debater: se com Bolsonaro ou comigo. O deputado é um conservador “fast food”. Seus seguidores não costumam ter opiniões políticas nem informação: são movidos a ressentimento.

Bolsonaro é um humorista de maus bofes. É o Gregório Duvivier dos ressentidos. E Duvivier é o Bolsonaro dos que se sentem representados pelo statu quo. Ambos reduzem problemas complexos a uma caricatura e depois passam a fazer digressões sobre as próprias deformações que dizem ser a realidade. Ocupam-se mais em demonizar o pensamento alheio do que em dizer quais são seus valores.

Se eu temesse correntes organizadas de opinião, não teria batido em Lula quando seu governo era aprovado por 86% dos brasileiros, segundo institutos de opinião.

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Assim, que os milicianos do Duvivier e do Bolsonaro se assanhem à vontade. A diferença entre eles é apenas de pretensão. O rapazola certamente se acha muito mais instruído do que o outro. No terreno em que ambos opinam, são ignorâncias opostas e complementares.

E isso se prova na prática. A Folha pediu a 23 colunistas que apontassem medidas que o país precisa adotar, independentemente de que seja governo. Duvivier quer isto:

“(…) A primeira coisa seria dissolver o Congresso e pedir novas eleições — sem financiamento empresarial. Enquanto isso não acontece, legalizaria a maconha e impostaria o consumo — a verba gorda iria para saúde. Legalizaria o aborto e ofereceria de forma gratuita e segura pelo SUS. Retiraria a isenção tributária das igrejas —pastores pagariam imposto como todo mundo—, e os impostos iriam para a educação.
Demarcaria terras indígenas e desapropriaria latifúndios. Daria incentivos aos agricultores de orgânicos. Taxaria mais a herança e menos o consumo. Taxaria mais a renda e menos o trabalho. Isentaria de imposto as bicicletas para incentivar o uso. Investiria na infraestrutura ferroviária ao invés da rodoviária. Na energia solar e eólica ao invés da nuclear ou hidrelétrica. Quando finalmente elegessem o Congresso, esse seria muito melhor e mais limpo, porque estaria lá representando o povo, e não bancos ou empreiteiras.”

À parte as firulas para a esquerda do Leblon, é o programa de um fascista. Notem que ele fecha o Congresso para implementar as reformas — como fez a ditadura militar com o Pacote de Abril (pesquisar) — e, como está escrito, “quando, finalmente, elegessem o Congresso, esse seria melhor e mais limpo”.

Na vigência do período reformista — que certamente seria tocado por um Comitê de Salvação Nacional dos Amigos de Duvivier —, seríamos obviamente governados por uma ditadura.

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E, claro, Stalin se reviraria no túmulo de inveja. Duvivier causaria fome em massa — com a desapropriação do que chama “latifúndios”, que já não existem mais no Brasil — e o subsídio à agricultura orgânica — cara, de baixa produtividade e incapaz de ter escala para alimentar milhões de pessoas. Pergunte se ele tem noção do peso que tem o agronegócio na pauta de exportações do Brasil. Ele não precisa saber.

É bem verdade que esse período de agruras do Brasil poderia ser minorado pela maconha e pela legalização do aborto. E não pensem que esse rapaz está brincando, não. Hoje, como o principal palhaço ideológico da esquerda, ele tenta falar a sério.

Que tirano, tiranete ou tiranófilo não sonha em gozar de um período com poderes absolutos para “consertar o Brasil”? A ditadura que Bolsonaro defende fez isso. A ditadura que Duvivier defende gostaria disso.

Duro mesmo, difícil, complicado, meus caros, é mudar o Brasil com democracia.

Mas eu não abro mão dela. Que esses dois “clowns” sigam vida afora fazendo seu “stand up” para plateias que se sentem satisfeitas ao ver que seu líder não lhes cobra nada além daquilo que elas julgam saber.

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Só assim a ignorância de suas respectivas audiências e a sua própria podem seguir infinitas e satisfeitas de si. Porque, afinal, aí está o conforto moral do estúpido: ele jamais se pergunta por quê?

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