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Antiamericanismo, esquerdismo e populismo. Ou: Musil, Mussum e o dissenso

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Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h40 - Publicado em 6 ago 2013, 21h12

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Ao longo da vida e dos dias, endosso, sim, alguns consensos: Fernando Pessoa, sorvete de macadâmia da Häagen-Dazs (alguém não gosta?), Mozart, Mussum, Musil, caipirinha de pinga com limão (e açúcar), Caravaggio, Havaianas… Mas também não me assalta o receio de afrontar algumas ideias prontas e certos heróis forjados pela mistificação. É o caso do picareta Edward Snowden, o tal que resolveu revelar ao mundo o segredo de polichinelo: os EUA monitoram as comunicações mundo afora. Brrr… Melhor eles do que a China — que também policia tudo até o limite que lhe permite a tecnologia de que dispõe. E a Rússia, onde o dito-cujo conseguiu um asilo provisório? Os links para os textos que escrevi sobre este rapaz estão aqui. Adiante. Também o americano Glenn Greenwald, repórter do jornal inglês Guardian, que trouxe à luz os documentos fornecidos pelo traidor (é o que ele é!) Snowden, tem merecido as tintas de herói na imprensa brasileira e mundo afora. Nesta terça, ele foi ao Senado brasileiro e afirmou que os EUA têm, sim, condições de monitorar também o conteúdo de mensagens.

Pois é… Até a Polícia Federal brasileira, que dispõe de tecnologia menos sofisticada do que os americanos, pode fazer isso. A rigor, com um pouco de dedicação, hackers de habilidade apenas média realizam tal intento. Uma das duas coisas que têm me incomodado nas denúncias de Greenwald é o que eu poderia definir como “escandalização do óbvio”. E é óbvio que os EUA monitoram comunicações mundo afora para se precaver de ações terroristas — e isso, lamento se os ingênuos ficam chocados, é uma necessidade. Não é menos evidente que o sistema, se houver decisão nesse sentido, conseguirá acesso também ao conteúdo.

E foi o que o repórter americano assegurou no Senado, como se revelasse uma novidade. Ocorre que o ponto é outro: ter a capacidade de fazer é coisa distinta de fazer. Greenwald tem em mãos alguma evidência de que isso aconteceu? Que se saiba, não! A especulação só serve ao propósito de demonizar os EUA. “Mas ele é americano!”, gritará alguém. E daí? Em matéria de antiamericanismo — entendendo-se por essa palavra o repúdio aos valores essenciais que compõem a política daquele país — não tem para ninguém: os próprios americanos podem ser imbatíveis.

A segunda coisa, pois, que me incomoda em Greenwald são as suas vinculações com teses de esquerda. Já comentei aqui o texto absurdo escrito por Greenwald por ocasião do recente atentado em Boston. O jornalista, é inescapável constatar, acabou culpando a vítima. Repetiu, diga-se, a ladainha de pensadores como a turma do Mídia Ninja, que justifica a violência praticada pelos black blocs porque estes teriam sofrido violência do estado. Pessoas que culpam as vítimas, na minha escala de valores, estão bem abaixo do cocô do cavalo do bandido.

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De resto, não gosto dessa tática estilo Julian Assange a que aderiu Greenwald. Jornalista não ameaça ninguém com “mais informações”. Ou ele as tem e as publica, desde que sejam do interesse público, ou silencia. Esse negócio de “Tenho mais coisa aqui, cuidado comigo!” está mais para tática de intimidação.

Finalmente, destaco uma fala de Greenwald, depois da audiência no Senado:
“O governo americano acredita que não precisa dar explicação para o público brasileiro porque eles podem resolver tudo muito facilmente com o governo brasileiro”.

Trata-se uma frase de uma supina cretinice. O que ele esperava? Que o governo americano fizesse um pronunciamento ao povo brasileiro? Ora, governo deve se entender é com governo. Ainda que fosse o caso de fazer um pedido de desculpas — não é… —, também este deveria ser apresentado ao ente que detém a representação do conjunto da população do Brasil: o governo.

Greenwald soma a seu esquerdismo e antiamericanismo algumas pitadas de populismo barato. É aplaudido por quase todos? Ok. Eu vaio. Reservo a unanimidade para Musil e Mussum.

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