Ah, não! Burrice, não!
Ah, não! Burrice, não! É uma bobagem, uma tolice, uma petralhice típica, indagar no caso da Igreja Universal: “E a Igreja Católica? A Igreja Católica também não tem bens?” Ah, sim, claro que tem. Mas é a Igreja que os têm, não seus padres e seus bispos. De todo modo, se houver evidências de que […]
Ah, não! Burrice, não!
É uma bobagem, uma tolice, uma petralhice típica, indagar no caso da Igreja Universal: “E a Igreja Católica? A Igreja Católica também não tem bens?” Ah, sim, claro que tem. Mas é a Igreja que os têm, não seus padres e seus bispos. De todo modo, se houver evidências de que a instituição pega doações de fiéis, remete para paraísos fiscais e empresas fantasmas e depois os converte em emissoras de TV, rádio e afins, que ela seja denunciada, ora essa! Não tentem me arrastar para o pântano do, se me permitem a brincadeira gramatical, “ninguém prestamos”. Estou fora desse negócio. Quem gosta de ficar encontrando defeito no adversário para justificar os próprios são os petralhas. Eu acho que todos devem ser contidos, corrigidos e, se for o caso, punidos.
Outros bobalhões vêm com o que consideram o argumento definitivo: “E a Inquisição?” O que a Inquisição tem a ver com uso indevido de dinheiro, lavagem de grana, empresas fantasmas etc? Ademais, qual é? Não acho que ninguém deva construir um futuro imitando os defeitos passados do outro, não é? Ou alguém vai querer fazer uma fogueirinha para assar alguns hereges só porque, afinal, a Igreja fez isso um dia? Trata-se de um argumentação boçal.
Aí vem outro dizer que fiz pouco da Universal quando afirmei que há em seus templos, por dia, mais milagres do que Cristo fez ao longo da vida. E é mentira? Não só lá. As denominações neopentecostais, inclusive algumas de vertente católicas, são dadas a anunciar milagres e curas durante os cultos. Falam-se até línguas estranhas, a glossolalia, uma das manifestações do Espírito Santo. Cada um acredite no que quiser. Eu, particularmente, não entendo por que o Espírito Santo, na Bíblia, se manifesta, que eu me lembre, apenas duas vezes. Mas, nesses templos, a Pomba Sagrada dá pinta todo dia. É o líder religioso mandar, e lá está a pomba. Aliás, é uma festa de aparições. O que há de demônios que baixam nesses lugares também… E o curioso é que são demônios já filtrados pelas culturas locais, já miscigenados. Eles não têm nada do imaginário da antiga Galiléia, sabem? Quando vêm, um chama “Exu Caveira”; o outro, “Tranca Rua”… Já são demônios aquecidos pelo sol dos trópicos… Padre Anchieta, no século 16, já fazia coisa parecida. No Auto de São Lourenço, os capetinhas têm nome de índio… Mas era uma peça de teatro, era fingimento. Hoje em dia, certas correntes neopentecostais fazem de conta que a coisa é séria.
Essa gente consegue mesmo ser intercessora de milagres? Pois é… Então façam um pra eu ver. Quero acompanhar. Se acontecer, relato aqui. Mas ficamos assim: eu levo o entrevado cheio de fé para que ele saia do templo saltitante… Tenham paciência! Fé é fé. Não duvido da de ninguém. Cada um na sua. Acho que o assunto se torna de interesse público quando leis do país, eventualmente, deixam de ser cumpridas. Aí não se trata de fé, não. Aí estamos falando de uma questão que diz respeito ao Estado.
Quanto ao mais, cada um que acredite no que quiser. Se o sujeito está convicto de que seu pedido será atendido caso entregue ao religioso um bilhetinho junto com um cheque, ele que se dane. Por mim, se o cara quiser adorar um Chicabom, problema dele. Nos limites das leis democraticamente instituídas, reitero, cada um sabe e cuida de si.
A minha fé, evidentemente, é de outra natureza. Não estou dizendo que seja melhor ou pior. Estou apenas dizendo que é outra. Acho a, digamos, teologia de Edir Macedo risível? Acho. Ela pode ter lá a sua utilidade? Ora, depende das necessidades de cada um, não é? Seria um absurdo tentar impedi-lo de pregar. Mas é imperioso que ele administre os recursos da sua igreja segundo as exigências da lei. Ele e qualquer outro; isso vale para a Universal e para qualquer outra denominação.
E só pra encerrar: por que “teologia risível”? Trato disso no post seguinte.