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AGARRE-SE AO CRUCIFIXO E BENZA-SE COM ÁGUA BENTA. FREI BETTO CRIOU O SEU PRÓPRIO PAI-NOSSO

Frei Betto — aquele, vocês sabem — botou outro dia Santa Tereza De Ávila pra transar com Che Guevara… É, gente, transar mesmo, aquilo naquilo, aquele negócio de endurecer sem perder a ternura, vocês sabem do que falo. Imaginou que de tal intercurso divino-comunista-carnal, nasceria um libertador. Escrevi a respeito: depois do bebê de Rosemary, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h01 - Publicado em 27 jan 2010, 18h05
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    Frei Betto — aquele, vocês sabem — botou outro dia Santa Tereza De Ávila pra transar com Che Guevara… É, gente, transar mesmo, aquilo naquilo, aquele negócio de endurecer sem perder a ternura, vocês sabem do que falo. Imaginou que de tal intercurso divino-comunista-carnal, nasceria um libertador. Escrevi a respeito: depois do bebê de Rosemary, só o bebê de Frei Betto seria mais assustador.

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    Os jornais deram amplo espaço ao 100º aniversário de Maria Amélia Buarque de Holanda, mulher do historiador Sérgio Buarque e mãe do sambista Chico Buarque. Um evento realmente invulgar, convenhamos!

    Fez-se uma grande e justa festa no apartamento de Chico. Lula estava lá etc e tal. O que me deixou chocado foi saber que Frei Betto, aquele que acabou com a virgindade de Santa Tereza, leu a sua versão do Pai-Nosso. Sim, ele tem o seu próprio Pai-Nosso. Esse grande comunista católico — como se isso fosse possível! — resolveu preencher algumas omissões cometidas por Jesus Cristo.

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    Ele achou que o filho de Deus não mandou bem, que correções se faziam necessárias. Leia a versão de Betto. A propósito: não o condenarei, leitor, se você o fizer agarrado a um crucifixo, mastigando um dente de alho, não sem, antes, persignar-se com água benta. Lá vai.

    Pai-nosso que estais no céu, e sois nossa Mãe na Terra, amorosa orgia trinitária, criador da aurora boreal e dos olhos enamorados que enternecem o coração, Senhor avesso ao moralismo desvirtuado e guia da trilha peregrina das formigas do meu jardim,

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    Santificado seja o vosso nome gravado nos girassóis de imensos olhos de ouro, no enlaço do abraço e no sorriso cúmplice, nas partículas elementares e na candura da avó ao servir sopa,

    Venha a nós o vosso Reino para saciar-nos a fome de beleza e semear partilha onde há acúmulo, alegria onde irrompeu a dor, gosto de festa onde campeia desolação,

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    Seja feita a vossa vontade nas sendas desgovernadas de nossos passos, nos rios profundos de nossas intuições, no vôo suave das garças e no beijo voraz dos amantes, na respiração ofegante dos aflitos e na fúria dos ventos subvertidos em furacões,

    Assim na Terra como no céu, e também no âmago da matéria escura e na garganta abissal dos buracos negros, no grito inaudível da mulher aguilhoada e no próximo encarado como dessemelhante, nos arsenais da hipocrisia e nos cárceres que congelam vidas.

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    O pão nosso de cada dia nos dai hoje, e também o vinho inebriante da mística alucinada, a coragem de dizer não ao próprio ego, o domínio vagabundo do tempo, o cuidado dos deserdados e o destemor dos profetas,

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    Perdoai as nossas ofensas e dívidas, a altivez da razão e a acidez da língua, a cobiça desmesurada e a máscara a encobrir-nos a identidade, a indiferença ofensiva e a reverencial bajulação, a cegueira perante o horizonte despido de futuro e a inércia que nos impede fazê-lo melhor,

    Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e aos nossos devedores, aos que nos esgarçam o orgulho e imprimem inveja em nossa tristeza de não possuir o bem alheio, e a quem, alheio à nossa suposta importância, fecha-se à inconveniente intromissão,

    E não nos deixeis cair em tentação frente ao porte suntuoso dos tigres de nossas cavernas interiores, às serpentes atentas às nossas indecisões, aos abutres predadores da ética,

    Mas livrai-nos do mal, do desalento, da desesperança, do ego inflado e da vanglória insensata, da dessolidariedade e da flacidez do caráter, da noite desenluada de sonhos e da obesidade de convicções inconsúteis,

    Amemos.

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