Aécio e Pimentel ignoram direção do PT e reafirmam aliança formal

Na Folha Online. Volto depois:
O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), ignoraram o veto da Executiva Nacional do PT e anunciaram que estarão juntos na disputa pela prefeitura da capital mineira. O PT vetou a aliança alegando que poderia prejudicar as eleições presidenciais de 2010, já que o PSDB é um partido de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva –e Aécio é um dos presidenciáveis do PSDB.
Aécio e Pimentel são mentores da chapa encabeçada por Márcio Lacerda (PSB), que tem como vice o deputado Roberto Carvalho (PT-MG). “O que eu posso garantir é que vocês verão essa mesma cena, o prefeito da capital com a administração elogiada em todos os níveis e em todas as regiões da capital, ao lado do governador do Estado, olhando para frente”, disse Aécio após se reunir com Pimentel. “O prefeito e o governador estarão juntos para eleger esta chapa encabeçada pelo ex-secretário Marcio de Lacerda e tendo como vice o deputado Roberto Carvalho.”
Aécio afirmou que a política do Estado é decidida por mineiros e não por políticos de outras regiões do país. “Em Minas, quem decide o seu destino são os mineiros. Aqueles que vêem com a visão distorcida de fora, buscando influenciar ou enfim se intrometer naquilo que é decidido em Minas Gerais, recebe a repulsa da população e não das lideranças políticas.”
O mineiro desafiou ainda os contrários à aliança a explicarem sua posição perante a população. “Se isso [aliança entre Aécio e Pimentel] incomoda lideranças políticas de outros Estados, se eles se incomodam com esta união de Minas ou com o fortalecimento que esta união de Minas possa fortalecer até no plano federal, caberá a eles explicar as suas posições. Isso não cabe a nós mineiros. Não é isso que interferirá na construção política de Minas.”

Comento
É, então tá. Vamos ver como o PT vai reagir. Com a devida vênia, o governador de Minas faça lá a aliança que os petistas deixarem, mas tentar transformar o imbróglio numa disputa entre regiões ou estados do país é um tantinho ridículo, não? O nome não aparece ali, mas ele está se referindo a São Paulo, já que a cara mais conhecida do veto é Ricardo Berzoini, paulista, presidente do PT.

Não, não. São Paulo e os paulistas não têm nada com isso — e a acusação não pega bem a quem pretende ser o presidente de todos os brasileiros, não é mesmo? Por que Aécio não acusa o mineiro Luiz Dulce, secretário-geral da Presidência, que é contrário à aliança? Por que não acusa o também mineiro Pastrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social, que também é contra o casamento? Por que não ataca, então, o gaúcho Marco Aurélio Garcia, que foi quem mais esculhambou o arranjo até hoje? Dos 15 membros da Executiva do PT, diga-se, 13 votaram contra a coligação com o PSDB — a maioria não é de São Paulo.

Aécio disse hoje que essa resistência transformou a eleição em Belo Horizonte num tema nacional. Está tentando fazer uma limonada com o limão. O fato é que, de argumento em argumento, está quase declarando a independência do estado… O que se pretendia exemplar para o país e modelo de uma nova política está se tornando um regionalismo mineiro.