A ONU agora determinou uma investigação sobre as circunstâncias da morte de Muamar Kadafi. A Otan, por sua vez, diz que atacou o comboio sem saber que o ex-tirano estava no grupo. Entendi. Se soubesse, não o teria feito? Só atira em gente de patente menor? Claro, claro… Investigar o quê?

Repetindo o que fez desde que assumiu a guerra — substituindo EUA, França e Reino Unido —, as tropas da Otan atacaram para que os ditos “rebeldes” avançassem em seguida. Como a organização está lá com mandato e mandado da ONU, então a ONU é a responsável pelo desfecho da guerra, inclusive a execução extrajudicial de Kadafi, a humilhação a que foi exposto, o vilipêndio do cadáver, essas evidências todas de que uma nova, próspera e democrática civilização está surgindo na Líbia.

Os tontos insistem que estou com peninha de Kadafi. Vão se danar! O que quero saber é se estamos agora diante de um padrão no trato com prisioneiros em guerras que trazem a chancela das Nações Unidas. Eu estou perguntando é se a barbárie passou agora a ser um norte conceitual, uma direção, um horizonte. É isso.

Ontem, os ditos líderes mundiais aplaudiram e se regozijaram com o linchamento, depois de terem silenciado sobre os sucessivos massacres de civis praticados também pelos rebeldes. A nota de comedimento e decoro, reitero, ficou por conta da presidente Dilma Rousseff. Vejam como sou um homem absolutamente sem preconceitos. Sou capaz de reconhecer um gesto civilizado de um petista quando diante de um. E sou capaz de reconhecer a barbárie patrocinada por Barack Obama quando diante da… barbárie patrocinada por Barack Obama.

Sou assim: quando aprovo, digo “sim”; quando reprovo, digo “não”. É um bom método.

Seria bom que Kadafi estivesse ardendo no fogo do inferno por conta de seus muitos crimes. Só não me peçam para endossar essa patuscada sanguinolenta em nome da construção da democracia nos países árabes, onde não há anjos.

Para finalizar: quando a Otan atacou o tal comboio, estava defendendo civis? É pra isso que estava lá.