A estúpida irresponsabilidade do vazamento das negociações entre palestinos e Israelenses.
O que faz aqui esta foto? Vamos ver. Estão todos encantados com a chamada “Era da Transparência”, em que tudo pode — e, segundo se entende — deve ser vazado? Ok. Os inocentes e os nem tanto façam bom proveito. Eu continuarei aqui na minha torrezinha de observação, a considerar que certos sigilos protegem vidas […]

O que faz aqui esta foto? Vamos ver.
Estão todos encantados com a chamada “Era da Transparência”, em que tudo pode — e, segundo se entende — deve ser vazado? Ok. Os inocentes e os nem tanto façam bom proveito. Eu continuarei aqui na minha torrezinha de observação, a considerar que certos sigilos protegem vidas humanas e que os governos têm o direito — e, às vezes, a obrigação — de manter certas informações abrigadas da curiosidade e da especulação públicas.
É estupidamente irresponsável, mais do que parece, o vazamento de documentos secretos — promovidos pelos radicais incrustados na Al Jazeera e pelos esquerdistas do jornal britânico Guardian — dando conta de que a Autoridade Palestina estaria disposta a fazer algumas concessões a Israel nas negociações de paz.
Segundo as informações, Saeb Erekat, o negociador palestino, teria aceitado que Israel anexasse os assentamentos judaicos em Jerusalém Oriental em troca de terras em outras regiões. A Fatah, grupo a que pertence Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, teria concordado também com limites à volta dos refugiados. Então vamos lá.
Quem ganha com essa coisa toda? É evidente que é o Hamas. E, antes dele, a continuidade do permanente banho de sangue em que se transformou o Oriente Médio. Erekat diz agora que teme ser assassinado em razão da divulgação dos mais de 1.600 documentos, que se referem a 10 anos de negociações. Ora, volta de refugiados e Jerusalém Oriental são dois dos nós da negociação que jamais desatam. É impossível negociar essas questões em público, é óbvio. Quem quer que tenha vazado os documentos aposta, nesta ordem: 1) na permanência do conflito; 2) no Hamas.
O vazamento da Al Jazerra e do Guardian fez em favor do grupo terrorista o que ele próprio jamais conseguiu fazer por si mesmo. Os documentos também trazem os contatos — que já eram conhecidos, mas agora evidenciados num ambiente muito mais envenenado — entre a corrente de Abbas e o serviço secreto israelense para tentar conter o Hamas.
Uma constante
Seja do WikiLeaks ele mesmo, seja agora o “WikiLeaks palestino”, não sei se notam, os ditos “vazamentos” sempre colaboram para endossar o que eu chamaria, genericamente, de “teses hostis à civilização”. Até agora não se sabe de um só vazamento que tenha realmente deixado em maus lençóis as tiranias. O que vem a público tem contribuído, invariavelmente, para tentar desmoralizar as democracias. O alvo principal são os Estados Unidos. E agora Israel e os moderados palestinos entram na mira. Faz um danado de um sentido!
Essa história é moralmente detestável. Não há consenso — inclusive aqueles que salvaram a humanidade de graves dissabores — que resistiria à exposição dos termos que o constituíram. Lá no alto, vocês vêem Churchill, Roosevelt e Stálin a Conferência de Ialta. Foi uma sorte os detalhes do “acordo” entre os três não terem vazado, não é mesmo? Com WikiLeaks e afins, talvez não houvesse ninguém hoje para contar a história.
Não dá! O vazamento dos documentos das negociações entre palestinos e isralenses foi promovido por quem precisa de cadáveres. E eu, lamento pelos fascinados pela “nova era”, não tenho como apoiar a política da morte.
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