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A consagração de Cristina e a tentação autoritária

Cristina Kirchner se reelegeu presidente da Argentina no primeiro turno. Estima-se que possa chegar perto dos 55% dos votos. Com quase 50% da apuração, o segundo colocado, Hermes Binner, socialista, estava com 17%. A oposicionista União Cívica Radical saiu humilhada: Ricardo Alfonsin deve ficar com algo em torno de 12%. Pior sorte tiveram os peronistas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h24 - Publicado em 24 out 2011, 05h57
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  • Cristina Kirchner se reelegeu presidente da Argentina no primeiro turno. Estima-se que possa chegar perto dos 55% dos votos. Com quase 50% da apuração, o segundo colocado, Hermes Binner, socialista, estava com 17%. A oposicionista União Cívica Radical saiu humilhada: Ricardo Alfonsin deve ficar com algo em torno de 12%. Pior sorte tiveram os peronistas que desafiaram a força de Cristina: Rodrigues Saá vinha com 7%, e Eduardo Duhalde, que abriu as portas da política nacional para o casal Kirchner, com apenas 5%. A presidente pode também obter a maioria no Congresso.

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    Estive na Argentina em julho. Nos táxis, nos cafés, nas ruas, nas lojas, nos restaurantes, em todo lugar, dava-se a sua reeleição como certa. E notei um dado curioso: todos tinham consciência, por exemplo, de que o governo manipula os índices de inflação. O jovem recepcionista do hotel em que fiquei, estudante universitário, tinha a pior impressão da luta de Cristina contra a imprensa, mas iria votar nela porque não reconhecia uma alternativa na oposição. Na verdade, o sentimento mais ou menos generalizado era este: qualquer alternativa seria pior. Comentei com Dona Reinalda que esse era um risco que corríamos e corremos aqui no Brasil: consolidar-se a impressão de que a oposição não tem grande coisa a oferecer, ainda que o governo seja mais ou menos.

    O casal Kirchner teve um grande ativo: pegou o país no caos, conseguiu estabelecer um pacto para sair da desordem e passou a ser beneficiário e monopolista da reconstrução, isolando seus adversários internos no peronismo e demonizando as forças de oposição.  Ela ainda agregou a essa narrativa a personagem das viúva chorosa, mas batalhadora. Durante o mandato de Néstor e parte do mandato de Cristina, o kirchnerismo contou com o apoio entusiasmado da imprensa, que teve fim quando começou a ficar claro que os sinais iniciais de cesarismo da dupla era mais do que um estilo, mas um perigo real.

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    Cristina está em guerra com a imprensa — uma guerra marcada por golpes baixos, ilegalidades, autoritarismo… Dá-se como certo, nos meios políticos, que vai tentar mudar a Constituição para se candidatar uma terceria vez. A consagração das urnas tende a reforçar seu lado delirante. Hoje, está naquela categoria de governantes que acreditam que a popularidade lhes serve para violar as leis que existem e impor as que não existem, sempre em benefício da manutenção do próprio poder. A vitória esmagadora de Cristina tende a concorreer para o seu fim. Já aconteceu antes.

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