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200 param a Paulista protestando contra um projeto que não existe!

Neste momento, cerca de 200 pessoas tomam todas as faixas e uma das pistas da Avenida Paulista, em São Paulo. Protestam contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) e o suposto projeto da cura gay. É mesmo? Aconteceu uma coisa engraçada nesta semana. Um amigo, médico de primeiro time, atento ao que vai à sua volta, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h54 - Publicado em 26 jun 2013, 21h25
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  • Neste momento, cerca de 200 pessoas tomam todas as faixas e uma das pistas da Avenida Paulista, em São Paulo. Protestam contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) e o suposto projeto da cura gay. É mesmo?

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    Aconteceu uma coisa engraçada nesta semana. Um amigo, médico de primeiro time, atento ao que vai à sua volta, num bate-papo comigo, comentava sobre os absurdos do Brasil e coisa e tal. Num dado momento, travamos o seguinte diálogo, que reproduzo de memória, claro:

    — Num país assim, deputados ficam aprovando projeto de cura gay…
    — Isso não existe!
    — O quê?
    — O projeto de cura gay.
    — Como não?
    — Nunca existiu.
    — E tudo o que eu li?
    — Já leu alguma vez o projeto?
    — Não!
    — Já viu o texto?
    — Não!
    — É porque não existe.
    — Mas e essa coisa toda que vocês (“vocês” somos “nós”, os jornalistas) noticiam?
    — É militância, não é jornalismo. Entra aí na minha página.
    — Entrei.
    — Lá na área de busca, coloque as palavras “cura gay resolução aqui”.
    — Pronto!
    — Agora acesse a matéria.

    E então o meu interlocutor pôde ler o seguinte:
    O projeto de Decreto Legislativo, aprovado na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, derruba o parágrafo único e o Artigo 4º de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, mas mantém intocado o caput do artigo 3º, que nega que homossexualidade seja patologia. Não sendo patologia, pois, não se pode propor cura. É questão de lógica. Aí o meu interlocutor pôde ler os textos de referência, a saber:

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    “Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.”
    Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
    Art. 4° – Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
    E voltamos ao diálogo.

    — Mas não dá na mesma?
    — Não!
    — O parágrafo único e o Artigo 4º devem mesmo cair, na minha opinião, porque agridem a liberdade de expressão.
    — Mas você acha, Reinaldo, que psicólogos podem participar de pronunciamentos que reforcem preconceitos?
    — Não!
    — Então…
    — Então nada! Ora, quem julgaria uma coisa ou outra? Quem é o tribunal? Estão abertas as portas para a perseguição e se trata de uma interferência absurda na relação entre paciente e terapeuta.

    — Eu havia pensado que tinham aprovado um projeto instituindo a cura gay.
    — Um monte de gente pensa isso.
    — Mas você não acha que pode existir cura gay, acha?
    — Não pode haver cura do que doença não é.
    — Vale a pena entrar nessa briga?
    — Sempre vale a pena entrar na briga em favor da clareza.
    — Você defende o casamento gay?
    — Tanto a união civil como o casamento. Só não defendo que, num caso, se ignore a Constituição e, no outro, o CNJ tenha se comportado como se fosse o Congresso.
    — Não acompanhei isso no detalhe.
    — Eu sei e nem o condeno. Seu trabalho é cuidar da saúde das pessoas. O de cuidar da precisão da informação é da imprensa. E olhe, meu amigo, a medicina avançou muito nesses tempos.
    — E o jornalismo?
    — A resposta está na nossa conversa.

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