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Silvio Almeida cita Zumbi, Marielle e Pelé em seu discurso de posse

'As suas lutas serão honradas por mim', disse o novo ministro dos Direitos Humanos de Lula

Por Lucas Vettorazzo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jan 2023, 12h05 - Publicado em 3 jan 2023, 11h59

Durante a sua posse como ministro dos Direitos Humanos e Cidadania do governo Lula nesta terça-feira, Silvio Almeida fez um discurso poderoso de luta pelo direito das populações negras e também pelo combate ao racismo estrutural no país.

Advogado, professor de Direito e militante do movimento negro, Almeida disse que a sua chegada ao ministério é fruto da luta de seus ancestrais, que sobreviveram à escravidão no Brasil colônia e na Primeira República e contra a opressão e o racismo nos anos seguintes que mantiveram essa parcela que é hoje a maioria da população sob a ameaça da pobreza e da violência do Estado.

Almeida citou nomes de personagens históricos do movimento negro no Brasil e no mundo, como o de Zumbi dos Palmares, do pastor americano Martin Luther King, do advogado abolicionista Luís Gama, do político e dramaturgo Abdias do Nascimento, da vereadora Marielle Franco e de Pelé. Ele disse que “as suas lutas serão honradas por mim e pela minha equipe que aqui está”. 

“Prezados e prezadas, assumo hoje a função de ministro de Estado dos Direitos Humanos e Cidadania tendo a plena consciência de que não o faço só e nem mesmo o faço por mim. Sou fruto de séculos de lutas e resistências de um povo que não se resignou nem mesmo diante dos piores crimes e horrores da nossa história. Nós não nos vergamos, nós não nos rendemos. Nós somos o povo que, mais de um século antes do pastor Martin Luther King dizer isso, Luiz Gama disse que tinha um sonho, que era ver o Brasil americano e as terras do Cruzeiro sem reis e sem escravos”, disse.

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O tema da ancestralidade é muito presente nos debates sobre negritude no Brasil. Diversas matizes do movimento negro organizado ou não defendem o crédito aos seus antepassados pela construção do país, seja subjetivamente na construção da identidade nacional, com a criação de expressões culturais como o samba, seja na forma mais literal, por meio das obras de prédios, pontes e estradas erguidos pelas mãos e pelo sangue de pessoas pretas. Esse assunto foi abordado na fala do novo ministro. 

Por isso, irmãos e irmãs que aqui estão, jamais se enganem da nossa força, sobretudo a força dos nossos ancestrais. Nessa força que também me habita carrego comigo e com meus irmãos e irmãs as dores, alegrias, e sobretudo a luta e a força de um povo que, apesar de tudo e de todos, sobreviveu e ainda sobrevive, legando a esse país um patrimônio material e imaterial indescritível, seja nas artes, na religiosidade, no futebol, no samba, nas universidades ou em cada tijolo posto sobre tijolo nesse país, das humildes alvenarias periféricas aos mais suntuosos palácios de onde muitas vezes nós somos enxotados como se nada tivéssemos a ver com as belezas erguidas pelas nossas próprias mãos”. 

Almeida afirmou que “haverá o dia em que não seremos mais alienados dos frutos do nosso trabalho e do nosso engenho e poderemos enfim gozar dos nossos talentos e do nosso tempo livre em invenções ainda mais grandiosas”. Ele se colocou como “um operário na escrita de mais um capítulo desse sonho”.

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“Para tanto, eu peço licença e trago comigo meu pai e minha mãe, um homem e uma mulher pretos que, nas suas humildades e sabedorias, ensinaram-me o valor do amor, das lutas cotidianas e da dignidade humana. Trago também meus irmãos, meus tios, meus sobrinhos, meus primos, minha companheira Edineia, sem ela nada disso seria possível, amigos e amigas e todos aqueles e aquelas que contribuíram com o projeto do qual sou hoje ao mesmo tempo parte e testemunha”, disse. 

“Também trago a luta de Zumbi, de Dandara, dos já citados Luís Gama e Luísa Mahin, de Abdias, de Guerreiro Ramos, de Lélia Gonzalez, de Milton Santos, de Marielle Franco e de Pelé, que foi ministro de Estado também desse Brasil, e tantos outros e outras que permitiram que eu estivesse aqui hoje, um homem preto, ministro de Estado a serviço de uma luta que um dia também foi deles. Não posso dizer que suas lutas não serão esquecidas até porque não se esquece daquilo que está presente, mas posso e quero dizer que as suas lutas serão honradas por mim e pela minha equipe que aqui está”. 

Por fim, Almeida fez uma crítica à gestão bolsonarista na pasta, que foi comandada pela pastora Damares Alves, ao dizer que receberá um “ministério arrasado”. “Todo ato ilegal baseado no ódio e no preconceito [tomado pela gestão passada] será revisto por mim e pelo presidente Lula”, disse.

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