Senado votará indicação de secretário da Defesa a embaixador, diz Pacheco
Indicação de Marcos Degaut para embaixador dos Emirados Árabes abriu crise entre militares e diplomatas no governo
Rodrigo Pacheco travou recentemente, no Senado, a indicação de Marcos Degaut, um secretário da Defesa, para embaixador dos Emirados Árabes. O nome de Degaut chegou aos senadores há mais de vinte dias. Uma série de autoridades indicadas para postos diplomáticos já foi sabatinada pelos senadores, só o secretário ficou na gaveta.
Cobrado por Kátia Abreu e outros senadores aliados do Planalto nesta semana, Pacheco, segundo esses senadores, disse que atendeu a um pedido do chanceler Carlos França.
Ao Radar, Pacheco afirmou que não há restrições ao nome do secretário da Defesa. “Não há excepcionalidade alguma nessa indicação (de Degaut). Algumas indicações de embaixadores já foram apreciadas e outras não. As que não foram ainda, devem ser no próximo esforço concentrado”, diz.
O Itamaraty trava há meses uma guerra silenciosa com os militares no Planalto. Jair Bolsonaro tem seguido a caserna na discussão dos rumos da política externa do governo. O Almirante Flávio Rocha, por exemplo, é hoje o “chanceler de fato” no Planalto.
Sobre a nota do Radar, publicadas em VEJA, o Itamaraty enviou o seguinte registro: “Não procedem as alegações relacionadas à posição do MRE sobre a indicação do senhor Marcos Degaut para a chefia da Embaixada do Brasil em Abu Dhabi. O Ministro Carlos França e o MRE, como não poderia deixar de ser, apoiam a indicação do Senhor Degaut ao cargo. O MRE solicitou o agrément, conforme a praxe diplomática e, assim que concedido, preparou a documentação e a correspondente exposição de motivos, além de outras formas de apoio à indicação. O MRE segue engajado em gestões para que a tramitação de seu nome no Senado Federal transcorra com a maior celeridade possível”.
Sobre os atritos com a ala militar do governo, o Itamaraty também negou as afirmações registradas pelo Radar: “A notícia vai na contramão do permanente diálogo que o ministro das Relações Exteriores mantém com os poderes da República, demais órgãos do Poder Executivo, setores produtivos e a sociedade. Nesse contexto, é fluida e amistosa a interlocução do ministro Carlos França com quaisquer representantes de governo”.
O Radar mantém as informações registradas nas notas.